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Em Oriximiná – um dos municípios mais ricos e belos do Pará, onde a natureza luxuriante tem o seu santuário na Reserva Biológica do Trombetas, a diversidade inclui imensas áreas quilombolas e terras indígenas com onze aldeias da etnia Wai-Wai e há mais de trinta anos a Mineração Rio do Norte lavra bauxita -, a população sofre o refrão da marchinha de carnaval, “de dia falta água, de noite falta luz”, por causa do racionamento de água e de energia elétrica. O comércio e a indústria não conseguem se desenvolver, as famílias têm prejuízos com eletrodomésticos e o suplício parece não ter fim, pelo menos a curto prazo. Os apagões são alvo de jogo de empurra entre a Celpa e a Guascor, empresa responsável pela geração de energia na cidade, através de cara e obsoleta termelétrica.
Boatos não desmentidos pela concessionária dão conta de que a melhor máquina foi retirada da usina e enviada ao município de Monte Alegre, por conta do fim do contrato da empresa com Oriximiná, e outro equipamento seria retirado, e o rebaixamento do “linhão” de Tucuruí está previsto para 2017.

No Hospital Municipal de Oriximiná, as denúncias proliferam. Muitas vidas de bebês vêm sendo salvas graças à ação incansável do médico pediatra Sidney Barbosa e de algumas enfermeiras que bombeiam manualmente oxigênio, porque – acreditem! – não há um só respirador artificial no hospital, assim como vários outros equipamentos que ajudariam a salvar vidas, e isto há anos. O pediatra atende de 8h da manhã até às 22h e não dá conta de tantos pacientes. No posto de saúde do bairro da Cidade Nova, a queixa vai da falta de técnicas em enfermagem suficientes para atender a demanda e de funcionário responsável pelo setor de vacinação à falta de médicos. Consequentemente, a demora é muito grande no atendimento, e muitos pacientes do interior gastam com passagens e alimentação e não conseguem ser atendidos.
A enfermeira responsável pelo Posto confirmou a falta de profissionais em entrevista ao programa Cidade Livre, do jornalista Valdo Florenzano, e disse que a Secretaria de Saúde já foi avisada, mas ainda não solucionou o problema. 

Já na Maternidade São Domingos Sávio, a jovem Pauliane Gonçalves Pantoja, de 21 anos, moradora do Salgado, faleceu depois que foi obrigada, segundo a família, a fazer um parto normal forçado, com o bebê já morto em seu ventre. Não havia médico no local.
A cunhada de Pauliane, sua acompanhante, contou que ela começou a perder muito sangue e só então lhe pediram para chamar outros parentes porque seu estado era grave.
O pai de Pauliane, Paulo Pantoja, denunciou que em nenhum momento cogitaram realizar uma cirurgia para retirar a criança já morta e que, certamente, a falta de atendimento adequado contribuiu decisivamente para a morte de sua filha.

No ano passado, dois agentes de trânsito do município foram escorraçados por populares enfurecidos, que queimaram suas casas, em reação aos constantes achaques de que eram vítimas. O caso teve enorme repercussão, ambos fugiram para Santarém, onde estabeleceram residência, mas continuam recebendo normalmente seus salários pela Prefeitura. Não há um só sinal luminoso de trânsito na cidade, quem precisa tirar a carteira de habilitação tem que ir a Santarém ou esperar muitos meses a equipe volante do Detran-PA.

O Ministério Público Estadual local até agora não tomou providências em relação a essa grave situação e a várias outras que exigem a atuação dos órgãos que têm a responsabilidade de zelar pela população. 
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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