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Copaíba e cumaru, produtos genuinamente amazônicos, são exemplos dos bons resultados ao combinar a valorização da floresta em pé à força do cooperativismo, o conhecimento de boas práticas de manejo à exigência de mercados consumidores. Entre julho de 2021 e julho de 2022 a comercialização das duas espécies somadas gerou renda superior a R$840 mil para indígenas, quilombolas, ribeirinhos e assentados integrantes da Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora), em Oriximiná, município da região Oeste do Pará. Fruto da parceria entre a cooperativa, o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) e o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), um intercâmbio de informações e saberes entre quilombolas e indígenas com foco no desenvolvimento econômico sustentável robusteceu, através de uma série de oficinas, trocas de conhecimentos teóricos e práticas sobre ambas as cadeias produtivas. A capacitação associada ao saber tradicional permite enxergar o potencial da floresta, a melhor forma de trabalhar com ela e até o melhor preço para o mercado, o que valoriza o produto.

O cumaru tem importância para os setores alimentícios e de cosméticos por conta de suas propriedades. A valorização da bioeconomia passa pela compreensão de extrativistas e empresas de que a árvore vale muito mais em pé do que sendo devastada para dar espaço ao pasto ou para comercialização da madeira. “Do trabalho de reconhecimento das atividades extrativistas e dos seus produtos, conectando as organizações comunitárias com empresas que tenham responsabilidade socioambiental, conseguimos começar um ciclo que ajuda na consolidação de relações transparentes e justas entre os elos das cadeias que contribui para mudanças na lógica do mercado”, destaca Jonas Gebara, coordenador de projetos do Imaflora.  Através de parcerias e comercialização com empresas que adquirem produtos da floresta, o trabalho da Coopaflora se torna exemplo para outras comunidades, possibilitando a expansão e fortalecimento dessas cadeias produtivas a partir da lógica de valorização dos extrativistas e de seus territórios.

O Florestas de Valor é uma iniciativa do Imaflora que fortalece as cadeias de produtos florestais não madeireiros, dissemina a agroecologia para que as áreas protegidas e seu entorno contribuam para o desenvolvimento regional, proporcionando a manutenção das populações locais em seus territórios, aliada à conservação dos recursos naturais.

A copaíba e o cumaru são produtos de alta demanda, mas com a oferta por organizações comunitárias ainda pouco consolidada. As oficinas se dividem em dois ciclos: o primeiro, voltado à organização produtiva, com treinamento para compartilhar conhecimentos sobre utilização do GPS e mapeamento de recursos naturais, e atividades relacionadas as boas práticas de extração de copaíba e coleta de cumaru com a finalidade de comercialização. O segundo ciclo é voltado à organização comercial, quando os participantes treinam a gestão de recursos para operação das cadeias, controle de qualidade e armazenamento da produção.

Localizado às margens do rio Trombetas, um dos afluentes do rio Amazonas, distante quase mil quilômetros da capital do Pará, o município de Oriximiná tem a maior população quilombola do estado, ao todo são 37 comunidades remanescentes de quilombos, média de quatro mil famílias que sobrevivem da agricultura familiar, pesca e extrativismo, como o da castanha do Pará, principal fonte de renda durante o período de coleta. A prefeitura apoia o projeto.

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