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O serpentário político parauara está agitado. Hoje (23) cedinho, por volta das 6h, horário já conhecido das operações da Polícia Federal, quatro homens armados com metralhadora, trajando uniforme e usando distintivos da PF, inclusive capuz, apresentaram um falso mandado de busca e apreensão ao porteiro do elegante Edifício Elysium, na rua João Balbi, bairro de Nazaré. Em frente ao prédio, um carro branco com giroflex, no qual chegaram e saíram.

O documento apresentado como mandado judicial tem a assinatura de Sérgio Moro, que não é mais juiz há muitos anos, e que nunca foi da seção judiciária federal do Pará. Os artigos citados como amparo legal, do 243 a 250 do Código de Processo Penal, tratam da busca e apreensão, detalhando os procedimentos e requisitos para a realização desse tipo de diligência. A conduta dos homens demonstra que sabiam exatamente onde queriam ir: ao apartamento de Cláudia Dantas, que seria cunhada (irmã de Andréia Dantas, esposa) do deputado federal Antônio Doido (MDB-PA), e ao carro dela, descrito com exatidão, mencionando modelo, placas e cor. Dois homens foram ao apartamento e os demais arrombaram o carro dela e retiraram da portaria do prédio o DVR que armazena as imagens das câmeras de segurança do condomínio. Providência que pode ser inócua, se as imagens estiverem armazenadas em nuvem.

A Delegacia de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil do Pará, à frente o delegado Augusto Potiguar, está investigando o caso. A Polícia Federal não se manifestou. O uso indevido de farda e distintivos da PF pode atrair a competência da Justiça Federal em alguns casos, mas não é um fator determinante por si só. 

Antônio Leocádio dos Santos, o deputado Antônio Doido, está sob investigação em dois inquéritos abertos pela Procuradoria-Geral da República que tramitam no Supremo Tribunal Federal, após duas apreensões milionárias de dinheiro envolvendo pessoas próximas a ele. Segundo a PGR, há indícios de “crimes potencialmente associados ao exercício do mandato de deputado federal, envolvendo o desvio de recursos oriundos de contratos públicos e a subsequente lavagem desses valores”. As suspeitas são de peculato, lavagem de dinheiro, corrupção de agentes públicos, organização criminosa e crimes eleitorais. A informação foi divulgada na semana passada pelos portais Uol, Terra, InfoMoney, Estadão, IstoéDinheiro, Metrópoles e HJur.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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