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No Pará acontecem fatos incríveis. O Estado é riquíssimo em minerais, vegetais e animais, tem a maior bacia hidrográfica e a maior floresta do planeta, mas a maioria absoluta de sua gente sobrevive abaixo da linha da pobreza. Nesse cenário de exuberância e miséria, onde a desigualdade é gritante, surge o mais novo fenômeno eleitoral do país: o jovem empresário Ailson Souto, que almeja assento na Assembleia Legislativa e declarou à Justiça Eleitoral ter patrimônio de R$ 448 milhões. Há dez anos, Ailson se candidatou ao modesto cargo de vereador em Porto de Moz, cidade de 41 mil habitantes no oeste do estado, e não se elegeu. Era do PPS, Coligação Unidos por Porto de Moz (PDT / PMDB / PR / PPS / DEM / PV / PSDB), conseguiu menos de 150 votos e ficou na suplência. Naquela época, aos 28 anos, ensino médio incompleto, solteiro, sua declaração de renda totalizava módicos R$15 mil. Seus bens se resumiam a um terreno de R$ 10 mil, e hoje seus imóveis valem R$ 390 milhões, mais R$ 9,1 milhões em “joia, quadro, objeto de arte, de coleção, antiguidade” e outros R$ 39,5 milhões em dinheiro vivo, em moedas estrangeiras.

Os dados estão disponíveis no sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral. Ailson mora em uma casa avaliada em R$350 mil e salienta que suas empresas declaram tudo ao IRPJ, “recolhendo a integralidade dos impostos devidos, assim como o candidato pessoa física”. Ele justifica a origem de sua impressionante fortuna com a mudança de ramo: saiu da área de eletrônicos, passou ao setor imobiliário e também à construção civil e aluguel de aeronaves.

O candidato com maior fortuna declarada em todo o país é Marcos Ermírio de Moraes (PSDB), com um patrimônio de R$1,2 bilhão. Ele é filho do lendário bilionário Antonio Ermírio de Moraes, fundador e dono do Grupo Votorantim, e pela primeira vez se candidata, a suplente do candidato ao Senado por Goiás, Marconi Perillo.

Luiz Felipe D’Ávila, o candidato do Partido Novo, é o mais rico entre os que disputam a Presidência da República este ano. Seu patrimônio total é de R$ 24.619.627,66, míseros perto do milionário parauara. Até mesmo o banqueiro João Amoêdo, que concorreu pela sigla em 2018, registrou um patrimônio de R$ 425 milhões (curiosamente, a diferença a menos que Ailson corresponde ao declarado por D’Ávila).

Sabe-se que há vários milionários concorrendo a uma vaga na Alepa e na Câmara Federal. Talvez nem todos declarem o que têm. Às vezes o estilo de vida não é compatível com a declaração de bens oficial. Até a segunda-feira, dia 15, prazo final para o registro, pode ser até que apareça mais algum potentado parauara. A conferir.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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