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Inicialmente devo alguns agradecimentos a pessoas que assumiram a responsabilidade e ousadia ao indicar e defender o meu nome para fazer parte desta Academia que, creio, honra e representa a profissão e o ofício do jornalismo.

Meus agradecimentos a Tânia Monteiro, colega de faculdade, de profissão e amiga de uma vida inteira e mais um pedaço. Tânia teve a coragem de me indicar a uma Cadeira a despeito de todos os argumentos que usei para demovê-la da ideia. Obrigada Tânia Monteiro pela amizade sincera e honesta. Estendo esse agradecimento a Roberta Vilanova pela confiança que depositou ao apoiar o meu nome ao pleito. Roberta e eu somos contemporâneas da Sespa, ela ingressou na comunicação da saúde pública abraçando com ética e responsabilidade o assunto saúde pública ao alcance de todos pela boa e qualificada informação. Obrigada Roberta.

Agradeço finalmente e dentro desse contexto de conquistas a senhora minha mãe, Maria Auxiliadora Nunes Direito, aqui presente rumo aos seus 90 anos, que quando jovem mãe peregrinava por grupos e colégios públicos para nos garantir a educação e não contente ainda fazia amizade com professores e diretores para nos fiscalizar. Obrigada mamãe pelos meus acertos. Eternamente grata a senhora.

Quanto à minha trajetória como jornalista, sobretudo em assessoria de comunicação institucional, eu agradeço à fiel amiga e jornalista Beth Mendes, aqui presente e que nem deve se lembrar que foi a responsável pelos caminhos que trilhei após sugerir a uma consulta meu nome para assessorar a então Secretária de Educação do Estado, Therezinha Gueiros, no início da gestão e já sob uma crise sem precedentes com a derrubada das árvores em frente ao prédio da instituição, gerando manchetes, com efeito, negativas a uma professora que ali assumia o órgão e ainda tinha o status de esposa do governador. Foi um aprendizado que não se aprende na faculdade: usar a comunicação no gerenciamente de crises políticas. E esse aprendizado só foi possível pelo empurrão que levei da jornalista que conheci na redação de A Província do Pará. Obrigada, Beth, e desculpa a exposição mas ainda hoje lembro do que me disseram quando cheguei na assessoria: “ me disseram que você saberia criar estruturas arcaicas para tornar a educação pública prioridade no Estado”. Você me trouxe até aqui.

É uma honra tomar posse na APJ na cadeira de número dois, tendo como patrono o mestre do Fotojornalismo, fotógrafo Porfirio da Rocha, com quem também tive a oportunidade de aprender na redação do extinto jornal A Província do Pará, onde comecei como repórter foca. Porfírio era um mestre, respeitadíssimo, senhor sisudo mas que sabia rir e pela lentes das suas câmeras num clique tinha a foto manchete da notícia. Um totem para seus pares e gerações. Quis o destino que eu ocupasse essa cadeira. Popó, como carinhosamente o chamávamos, foi quem fez as primeiras fotos do meu filho, com um mês de nascido, e pelas suas imagens me vi Madona. Porfírio estará para sempre em nossas memórias.

O último acadêmico a ocupar esta Cadeira, Wilson Malheiros da Fonseca, nos deixou um legado de enorme relevância. Mestre da palavra e da ética, foi notável juiz da Justiça Trabalhista. Santareno, Wilson Malheiros da Fonseca inspirou gerações e não apenas jornalistas. Advogado, professor, poeta, músico e escritor, sua obra foi reconhecida como Patromônio Cultural de Natureza Material e Imaterial do Pará, pela Assembléia Legislativa do Estado.

Ao receber esta missão na APJ sinto-me honrada e abençoada por dois grandes mestres de enriquecedoras histórias: Porfírio da Rocha, que eternizou os fatos jornalísticos em suas imagens, e Wilson Malheiros pela grandiosa obra e valores registrados em músicas e palavras.

Ingressar na APJ é reafirmar a importância do jornalismo como guardião da memória da cultura e da democracia. Ainda nos cabe, como jornalista, a função social com a informação de qualidade, não abrindo jamais mão da credibilidade, do acesso do público, do compromisso ético da profissão com a informação. E assim assumo o compromisso de honrar esta cadeira de trabalho com dedicação e respeito à história da comunicação paraense, tão rica e vibrante quanto a nossa gente.

Agradeço aos colegas acadêmicos pela acolhida, pelos votos qualificados que me trazem até aqui, à minha família pelo apoio constante e a todos os profissionais que ao longo da minha trajetória partilharam comigo o aprendizado, os desafios, as angústias e as alegrias dessa profissão que escolhemos.

Que Porfírio e Malheiros nos inspire e que através desta Cadeira suas memórias sigam vivas nos guiando e nos iluminando com suas inteligências e caráter brilhantes.

*Discurso de Sula Maciel ao ser empossada na APJ.

Sula Maciel
Sula Maciel é jornalista formada pela UFPA, com especialização em Cinema e extensão em Marketing Eleitoral. Começou como jornalista na redação de “A Província do Pará”, foi reporter nas TVs Guajará e SBT e repórter editora na rádio Cultura do Pará, emissora Funtelpa.   Mas foi em assessoramento de nível superior que foi se profissionalizando como jornalista.   Exerceu a assessoria de Comunicação Social da Sespa na década de 1980 e posteriormente a da Seduc, nas gestões Almir Gabriel e Therezinha Gueiros, respectivamente. Dirigiu o Núcleo de Imprensa da Coordenadoria de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de Belém, nas gestões dos prefeitos Augusto Rezende e Hélio Gueiros assumindo posteriormente a sub coordenadoria do órgão. Em 1995 assumiu a coordenação da comunicação do governo do Estado, na gestão de Almir Gabriel.

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