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 Fotos: Memórias do Pará

Fotos: José de Vasconcelos Paiva
O Chafariz das Sereias é o principal monumento da pracinha que integra o Complexo da Praça da República, de formato triangular, na confluência da Av. Presidente Vargas e rua Gama Abreu, em Belém do Pará, a poucos metros do Theatro da Paz e quase em frente do Cinema Olympia, o mais antigo em funcionamento do Brasil, desde 1912, e também em frente à antiga sede do extinto jornal “A Província do Pará”, prédio que hoje abriga o Instituto de Educação do Estado do Pará. Datado do século XIX, no estilo eclético da Belle Époque, é definido como um “conjunto alegórico em ferro fundido, importado da Europa” e sua história é permeada de mistérios. Na época (entre 1897 e 1912), Antônio Lemos era intendente de Belém do Pará. Vários autores afirmam, a partir do relatório apresentado por Lemos ao conselho municipal de Belém, na sessão de 15 de novembro de 1905, que o Chafariz das Sereias teve sua estrutura concluída em 1904. Contudo, o documento não nomina o chafariz, e o contexto do relato parece referir-se às Sereias, quando afirma que se trata de um monumento em estilo Art Nouveau e importado da Europa (Andrade, 2003; Bassalo, 2008; Soares, 2009). 

Por outro lado, a origem do monumento parece estar, também, vinculada à política de abastecimento de água da cidade. Em 1876, Francisco Maria Corrêa de Sá e Benevides, presidente da província do Pará, em relatório apresentado à Assembléia Legislativa Provincial, reconhece que água potável é uma reivindicação antiga e que já estava em curso, desde 1872, um estudo sobre os mananciais de onde deveria ser extraída.
No contrato firmado entre o governo do Pará e Francisco Maria Cordeiro, vice-cônsul dos Estados Unidos, na Corte do Rio de Janeiro, e o senhor José Villa Flor, há, inclusive, referência à Lei 632, de 13 de outubro de 1870, que obriga a empresa contratada a instalar oito chafarizes para abastecer a população.
O contrato exige que os chafarizes devam ter diferentes tamanhos, materiais e formatos. Em todos eles “a água se venderá ao preço nunca mais de vinte réis por cada barril de 25 litros, pouco mais ou menos”.
Em pronunciamento na abertura da sessão extraordinária da Assembleia, no dia 7 de janeiro de 1884, o general Visconde de Maracajú, presidente da província do Pará, afirma que dia 1º de outubro de 1884 começará a ser feita a venda de água por meio da Companhia das Águas do Grão-Pará. São anunciados oitos lugares de venda, entre os quais um localizado no Largo da Pólvora, também denominado Praça D. Pedro II, hoje Praça da República. 

Pois bem. Essa preciosidade está vilipendiada. Uma das sereias do chafariz teve sua cauda furtada, as flores e a grama murcharam, o mato cresceu, a placa do projeto “Belém da Saudade” está pichada. A Guarda Municipal parece não enxergar entre suas atribuições proteger esse patrimônio histórico e artístico, e assim a memória da Belém quase quatrocentona se vai.

O Chafariz das Sereias é cercado por um jardim circular e gradil em ferro trabalhado. Sua fonte de água raramente é ligada. Trata-se de uma fonte com base de alvenaria, armada, emassada e pintada com arremate em cobre. A base tem forma circular em alvenaria, com frisos nas extremidades inferior e superior, constituindo assim o tanque, no centro do qual se ergue o conjunto escultórico das sereias em cobre e pedestal em alvenaria, de forma circular.
O conjunto é constituído por três níveis. No primeiro estão as quatro sereias, curvadas para trás, e tendo às mãos que levam aos lábios uma espécie de cornucópia (símbolo da produtividade da natureza), de onde jorra o primeiro nível d’água(ou deveria jorrar). O segundo nível da fonte, onde também jorra (ria) água, tem uma concha com elementos florais e frisos, ornada por quatro garças intercaladas. No terceiro e último nível, projetado também para jatos d’água, há outra concha, de menor proporção, em cujo centro se encontra um pináculo decorado com folhas.



Vejam nas fotos com o monumento era e como está.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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