Publicado em: 11 de dezembro de 2025
O futebol paraense chega ao fim de 2025 vivendo dois extremos absolutamente contrastantes. Se o Paysandu experimentou uma queda dura, fruto de uma campanha que beirou o inacreditável – apenas 28 pontos e míseras cinco vitórias –, o Remo, por sua vez, viveu uma epopeia azulina, garantindo um acesso histórico à Série A após mais de 30 anos. As projeções para 2026, portanto, colocam os rivais em polos opostos: enquanto um tenta se reconstruir depois de bater no fundo, o outro tenta não desperdiçar a maior oportunidade esportiva de sua história recente.
No Paysandu, o abalo emocional e institucional ainda reverbera. A queda para a Série C e a campanha desastrosa escancararam falhas de gestão e de planejamento. O que se viu em campo foi apenas o reflexo de um clube que, administrativamente, vem perdendo o rumo desde 2017. Mas, se a temporada de 2025 traumatizou, as primeiras movimentações para 2026 começam a acender alguma esperança na torcida.
As chegadas do ex-presidente Alberto Maia à comissão de futebol e de Marcelo Sant`Ana, como executivo, aliadas à escolha de Junior Rocha para comandar a equipe e à preparação física de Léo Cupertino, dão ao torcedor um caminho de otimismo. São nomes que carregam experiência, método e visão — atributos ausentes na temporada de 2025. Dentro das quatro linhas, o Papão iniciou a reformulação com a chegada do goleiro Jean Drosny, destaque no Volta Redonda, e a confirmação da saída de Matheus Nogueira. A Série C será dura, mas o objetivo é claro: retomar o rumo, fazer a reconstrução do clube com transparência e pavimentar o caminho até a desejada Série B de 2027.
Do outro lado da avenida, o Remo encerrou 2025 em um estado de euforia legítima. O acesso à Série A não foi apenas uma conquista esportiva: foi um marco histórico, emocional e simbólico para um clube que passou por turbulências recentes – inclusive ficando sem divisão nacional nos anos de 2009, 2011 e 2013. Mas, passada a festa, o Leão parece patinar na transição entre o sonho realizado e o planejamento concreto. O tempo corre, e o clube precisa transformar euforia em eficiência.
A saída do artilheiro Pedro Rocha, peça vital no acesso, e a despedida do técnico Guto Ferreira criaram instabilidade em um momento que exigia firmeza na decisões. O executivo de futebol, Marcos Braz, deve acertar sua renovação. Sobre o comando técnico, o clube flertou com nomes como Cuca e Tiago Nunes, sem avanços reais, enquanto Léo Condé, apesar do rebaixamento com o Ceará, surge como alternativa viável. No elenco, nomes como Alef Manga ganham força nos bastidores. Até Yago Pikachu, ídolo bicolor, chegou a ser cogitado, mostrando que o mercado azulino vive mais de especulação do que de certezas.
O Pará, portanto, vive o início de 2026 dividido entre reconstrução e afirmação. O Paysandu precisa reencontrar sua identidade e aprender com seus erros; o Remo, por sua vez, precisa transformar oportunidade em permanência. Em comum, ambos têm um desafio que transcende tabela e divisões: transformar seus próximos passos em algo mais sólido do que promessas. Afinal, no futebol paraense, esperança nunca faltou, mas 2026 exigirá, mais do que nunca, lucidez, coragem e responsabilidade.









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