A disputa pelo comando da Federação das Indústrias do Pará teve nova escaramuça nesta sexta-feira (29), quando completou um mês a intervenção judicial. Doze membros do Conselho de Representantes da Fiepa, órgão máximo que rege a administração da entidade, foram barrados pelo advogado da junta interventora. A situação provocou discussões acaloradas e o advogado foi agredido por um ex-diretor da instituição, com palavras e empurrões. Cada grupo conta a sua versão e não se vislumbra conciliação entre as partes.
Os membros da diretoria afastada, liderada por Alex Dias Carvalho, denunciam terem sido impedidos de participar de uma reunião ordinária estatutária, cujo objetivo era deliberar sobre a reformulação do orçamento de 2024 e aprovação do orçamento para 2025, convocada pela presidência da junta provisória e prevista em estatuto, abruptamente cancelada. A junta, presidida por Hélio de Melo Filho, alega que a reunião era do Conselho do Sesi, do qual os barrados não fazem parte, que a reunião da diretoria havia sido cancelada e todos foram informados em tempo hábil e que se tratou de invasão.
Inconformado, o Conselho da Fiepa reuniu com a presença de um escrevente notarial, a fim de registrar as infrações que teriam sido cometidas pela junta provisória. Consideram que a aprovação do orçamento deveria, obrigatoriamente, ser realizada até hoje, e também porque, até o momento, não foram convocadas novas eleições, que têm prazo de 90 dias estabelecido pelo TRT8.
Na concepção da junta, os invasores abriram outra sala e fizeram uma reunião somente com o grupo destituído do comando da Fiepa, sem qualquer base legal ou estatutária, conduzindo, na prática, simples “bate papo” entre eles na sede da Federação.
Pois bem. Dezesseis membros do Conselho protocolaram um requerimento exigindo a convocação de reunião extraordinária para tratar das novas eleições, estipulando prazo até a próxima terça-feira, 3 de dezembro, sob pena de novas medidas judiciais. Novo round se avizinha.
Nos últimos dois anos, a Fiepa se tornou um caldeirão efervescente. Hélio Melo Filho e seu grupo acusam a diretoria destituída de tentar se manter no cargo a qualquer custo. Alegam que o grupo “controlou a entidade por vinte anos e afastou empresários com representatividade na indústria para, em troca de apoio político para perpetuar desmandos na entidade, privilegiar pessoas que sequer pertencem ao setor industrial paraense”.
Por sua vez, Alex Carvalho, José Conrado, José Maria Mendonça e demais ex-diretores afirmam que Rita Arêas, Hélio Moura Melo Filho, Roberto Kataoka e outros integrantes de cinco sindicatos omitem suas participações em gestões anteriores, algo facilmente verificável em documentos disponíveis publicamente. “Sem votos e sem o respeito da classe industrial, seguem buscando manobras para tentar estender a permanência da junta provisória no comando da Fiepa e não seguir o rito do processo eleitoral.”
O imbróglio começou quando o ex-presidente José Conrado de Azevedo Santos teve seu mandato prorrogado por mais um ano, algo inédito até então na Fiepa. No dia seguinte, Conrado convocou eleições para maio de 2022, com o novo presidente tomando posse em agosto de 2023. A Justiça do Trabalho atendeu ao pedido da oposição e rejeitou a convocação das eleições.
Conrado, então, cancelou a eleição de maio de 2022, o que ensejou a perda do objeto do processo, mas a guerra judicial continuou. Após duas eleições vencidas por Alex Carvalho, no último dia 29 de outubro, houve a terceira anulação judicial das eleições na Fiepa, com a instauração de uma junta governativa para administrar a entidade e convocar eleições.
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