Publicado em: 13 de novembro de 2025
O IBGE divulgou, no início deste mês, a lista dos nomes e sobrenomes mais populares do Brasil. Entre as mulheres, Maria, Ana e Francisca são os mais comuns, respectivamente. Já entre os homens, José, João e Antônio formam o top três. Por fim, na lista dos mais populares, Silva lidera com mais de 34 milhões de brasileiros, seguido de Santos, com 21,3 milhões, Oliveira, com 11,7 milhões, e, ainda, Souza, com mais de 9 milhões.
Eduardo Batista, coordenador de Sociologia da EAD UniCesumar, chama a atenção para a origem histórica, cultural e religiosa deles. “O sobrenome Silva tem origem latina, que significa ‘floresta’. Era comum em Portugal e foi trazido pelos colonizadores para o Brasil. Já ‘Santos’ e ‘Oliveira’ têm forte ligação religiosa: ‘Santos’ remete a todos os santos da Igreja Católica, e ‘Oliveira’ faz alusão ao monte das Oliveiras, local sagrado na tradição cristã”, pontua o sociólogo.
O sociólogo lembra que é muito comum sobrenomes no Brasil virem acompanhados de preposições, como “da”, “de” ou “dos”, formando “da Silva”, por exemplo. Segundo ele, essa origem está diretamente ligada com o período da escravatura no país. “Nos séculos XVIII e XIX, pessoas escravizadas libertas frequentemente recebiam ou adotavam sobrenomes como “da Silva” ou “dos Santos”. A preposição indicava pertença ou origem, funcionando quase como uma identificação territorial ou religiosa, ou seja, “dos Santos” é pertencente aos Santos. Com o tempo, esses sobrenomes se popularizaram e perderam o estigma social, tornando-se parte da identidade nacional brasileira”.
O catolicismo também teve grande influência na popularização de alguns sobrenomes e sobrenomes no Brasil. Nomes como Maria, José, João, Antônio e Francisco são expressões dessa fé. Já na categoria de sobrenomes, nota-se Santos, Anjos, Souza e Nascimento como um reflexo da religiosidade popular. “Era comum registrar crianças nascidas em datas religiosas com nomes alusivos a santos comemorados naquele dia. Assim, a fé moldou não apenas a devoção individual, mas também a identidade nominal coletiva do país”, completa Eduardo.
O sociólogo reitera que a pesquisa do IBGE não é somente uma lista dos nomes mais populares, mas sim, uma verdadeira radiografia cultural. “Essa relação nos ajuda a compreender processos históricos de colonização, escravidão, imigração e religiosidade, e mostram como a língua portuguesa se adaptou a contextos e locais diferentes. Em resumo, conhecer os nomes do Brasil é conhecer sua história viva, feita de fé, resistência, diversidade e memória”.










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