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Os mais de 17 milhões de habitantes da região Norte do Brasil vivem em condições precárias, literalmente em cima da lama. Dados do Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento revelam que cerca de 6,5 milhões vivem sem acesso à água, quase 15 milhões não têm coleta de esgoto, e só 19,8% do esgoto gerado é tratado.Dados do Datasus mostram que mais de 32 mil pessoas foram internadas na região devido a doenças relacionadas à falta de saneamento, o que levou a 228 óbitos e gerou despesas de mais de 12 milhões para o sistema de saúde.

O Pará é o estado com os piores indicadores, com quase quatro milhões de pessoas sem acesso à água potável e mais de 7,4 milhões sem coleta de esgoto. É uma calamidade. O total de eleitores no Pará em 2024 foi de 6.220.658, e o que as estatísticas apontam é trágico: 91%, quase a totalidade da população, não dispõe de coleta de esgoto. Em Belém, dois parques lineares estão sendo construídos a um preço de R$400 milhões cada um, enquanto dezenas de canais da cidade continuam assoreados e entupidos de imundície, transbordando esgoto fétido onde seres humanos são obrigados a andar com os dejetos até o meio da canela, tanto na periferia quanto em bairros considerados “nobres”. Em pleno centro histórico de Belém, o canal da Praça Magalhães, a poucos metros da Av. Visconde (Doca) de Souza Franco e do Porto Futuro, é uma vergonha, e nem consta no planejamento das obras para a COP 30. É preciso priorizar o saneamento básico, porque através desse investimento também se atende a saúde, a educação, a cultura, o turismo , a segurança e a própria dignidade humana.

Até 2033, o país firmou um compromisso de atender 99% da população com água potável e 99% com coleta e tratamento de esgoto, conforme previsto no Novo Marco Legal do Saneamento Básico. Para atingir essa meta, a região Norte e todos seus estados precisam priorizar o saneamento por meio de investimentos robustos, planos estruturados de melhoria da infraestrutura e políticas públicas eficientes. A universalização do saneamento básico tem o potencial de transformar a região, gerando benefícios significativos nos âmbitos social, econômico e ambiental.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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