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Belém recebe nos dias 17 e 18 de outubro a mostra “Amazônia nas Telas – Especial COP30”, no Cine Sesc Boulevard (Castilhos França, 522/523 – Campina). O evento marca o início da 11ª edição do Festival Pan-Amazônico de Cinema – AmazôniaFiDoc e o lançamento da convocatória internacional de filmes voltada a realizadores dos nove países da Pan-Amazônia.

A mostra, realizada pela Z Filmes e pelo Instituto Culta da Amazônia, com direção geral de Zienhe Castro e direção artística de Zienhe Castro e Monique Sobral, acontece às vésperas da COP30 e celebra o cinema como expressão artística, ambiental e política, reiterando o papel das imagens como instrumentos de resistência e memória.

A abertura da programação, na sexta-feira (17), será marcada pela pré-estreia nacional do longa-metragem “Xingu: Nosso Rio Sagrado” (2025), dirigido pela cineasta Ângela Gomes. O filme, narrado pela cacica Kokongri Kayapó, revisita os impactos da hidrelétrica de Belo Monte sobre o rio Xingu e as comunidades que dele dependem, uma década após o barramento de seus trechos.

Filmado ao longo de 30 dias em 2024, o documentário percorre o Xingu desde Altamira até o território Mebêngôkre-Kayapó, e é a primeira produção parauara a integrar cineastas indígenas em todas as etapas da realização, por meio do Coletivo Beture Mebêngôkre-Kayapó. No elenco de vozes e depoimentos estão Kokongri Kayapó, Bel Juruna, Josiel Juruna, Francineide Ferreira, Raimunda Gomes, Ana Laíde Barbosa e Adalton Arara.

Após a exibição, haverá bate-papo com a diretora e os profissionais indígenas envolvidos na obra. “O cinema é uma das vozes mais potentes que temos para traduzir a complexidade e a beleza desse território. A floresta precisa ser ouvida, e o AmazôniaFiDoc é um canal para que essa escuta aconteça com sensibilidade e verdade, ainda mais fortalecido pelo patrocínio da Petrobras”, destaca Zienhe Castro, diretora do festival e fundadora da Z Filmes.

No sábado (18), a programação traz três produções que ampliam o olhar sobre arte, território e direitos humanos. A primeira é “Dasilva daselva”, de Anderson Mendes, um retrato poético da vida e obra do artista plástico amazonense Dasilva, cuja produção une espiritualidade, imaginação e ciência. Mesmo enfrentando a perda da visão, o artista transforma a memória em um campo fértil de criação, evocando seres e paisagens simbólicas da floresta.

Em seguida, será exibido “Sukande Kasáká | Terra Doente”, de Kamikia Kisedje e Fred Rahal, filmado ao longo de 12 anos na Terra Indígena Wawi, no Mato Grosso. O documentário registra o cotidiano do povo Khĩsêdjê, afetado pela contaminação causada por agrotóxicos e monoculturas de soja, denunciando o impacto do agronegócio sobre a saúde e o território indígena.

Encerrando a mostra, o público assistirá a “Pau D’Arco”, dirigido por Ana Aranha e produzido pela Repórter Brasil e Amana Cine. A obra revisita o massacre de trabalhadores sem-terra ocorrido em 2017, na fazenda Santa Lúcia, no sul do Pará. Filmado ao longo de sete anos, o documentário acompanha a luta pela justiça da principal testemunha do crime e revela as tentativas de encobrimento das violações, expondo as cicatrizes deixadas nas comunidades camponesas.

O AmazôniaFiDoc é um espaço de diálogo entre cineastas, comunidades e povos tradicionais. Atemporada 2025/2026 do festival será realizada de 28 de abril a 6 de maio de 2026.

Para Zienhe Castro, o evento, que tem patrocínio exclusivo da Petrobras, marca uma década de compromisso com o cinema amazônico. “O festival tem se consolidado como um espaço essencial para dar visibilidade às vozes, narrativas e estéticas que emergem dos territórios amazônicos, promovendo intercâmbio entre realizadores, povos tradicionais e novos públicos em torno de uma agenda comum: a defesa da floresta, da diversidade e do cinema como expressão de identidade e resistência”, ressalta.

Confira a programação completa:

Sexta-feira – 17 de outubro

  • 18h30 – 19h00: Chegada do público e discursos de abertura
  • 19h00: Exibição do filme Xingu: Nosso Rio Sagrado, de Ângela Gomes (2025 – inédito) – 80 min
  • 20h30: Coquetel

Sábado – 18 de outubro

  • 16h30: Dasilva daselva, de Anderson Mendes (2025) – 17 min
  • 17h00: Sukandé Kasáká, de Kamikia Kisedje e Fred Rahal (2025) – 30 min
  • 17h40: Pau D’Arco, de Ana Aranha (2025) – 89 min

Imagem em destaque: “Xingu: Nosso Rio Sagrado” (2025)

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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