0
 

Moradores, comerciantes e trabalhadores dos bairros da Cidade Velha, Campina e Reduto, em Belém, denunciam sucessivas falhas no abastecimento de água nos últimos meses e cobram explicações da concessionária Águas do Pará. Os relatos apontam interrupções frequentes, sem aviso prévio e, em muitos casos, com duração de várias horas ou ao longo de dias inteiros. A situação, segundo os afetados, tornou-se mais grave após a privatização do serviço e vem impactando diretamente a vida cotidiana e a atividade econômica em áreas centrais e históricas da capital parauara.

Levantamento informal realizado por moradores da Cidade Velha indica que, entre setembro e dezembro, o fornecimento de água esteve interrompido em cerca de 40% dos dias, considerando períodos superiores a quatro horas sem abastecimento. Os registros incluem residências com idosos e pessoas acamadas, além de pequenos comércios, restaurantes, ateliês, espaços culturais e serviços que dependem do fornecimento regular de água para funcionar.

Os relatos convergem ao apontar que as interrupções ocorrem de forma imprevisível, muitas vezes durante todo o dia, com retorno apenas na madrugada. Diante da instabilidade, moradores passaram a armazenar água de forma improvisada, o que levanta preocupações sanitárias. Outro ponto recorrente é a falta de comunicação prévia por parte da concessionária, que, quando se manifesta, costuma classificar as ocorrências como “manutenções emergenciais”, sem detalhar causas, prazos ou áreas afetadas.

Entre os atingidos estão comerciantes e agentes culturais ligados ao projeto Circular Campina Cidade Velha, iniciativa voltada à valorização do centro histórico de Belém, que relatam que a falta de água compromete tanto a rotina doméstica quanto o funcionamento de atividades comerciais no entorno. Eles apontam impactos diretos na programação cultural e no atendimento ao público, além de prejuízos financeiros causados pela interrupção de serviços básicos.

Diante do cenário, moradores dos três bairros articulam uma denúncia coletiva a ser encaminhada ao Ministério Público. A ação busca obter esclarecimentos formais sobre as falhas no abastecimento, maior transparência nos dados operacionais da concessionária e a mediação institucional para garantir a regularidade do serviço. Também há preocupação com os efeitos econômicos, sociais e sanitários da instabilidade no fornecimento de água em regiões densamente ocupadas e de reconhecido valor histórico e cultural.

O grupo defende que a situação seja investigada de forma aprofundada, com análise dos dados oficiais da Águas do Pará, dos contratos de concessão firmados, dos investimentos anunciados e da frequência real das interrupções. Os moradores também cobram que as vozes da população diretamente afetada sejam ouvidas e consideradas nos processos de fiscalização e controle.

A mobilização segue em curso e novas adesões estão sendo organizadas. A regularização do abastecimento e a prestação de informações claras e consistentes são medidas urgentes para assegurar condições mínimas de dignidade, saúde pública e sustentabilidade econômica nos bairros históricos de Belém.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

Documentário da TV Cultura sobre COP30 será exibido nesta quarta

Anterior

Operação Igapó: deputado Antonio Doido joga celulares pela janela

Próximo

Você pode gostar

Mais de Notícias

Comentários