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A Prefeitura de Belém lança nesta quarta-feira, 28, o projeto do Memorial Bruno de Menezes do Modernismo Paraense, no Cine Dira Paes, que fica dentro do Palacete Pinho. O evento contará com a presença de familiares do grande literato-etnógrafo, romancista, jornalista, poeta, folclorista, dramaturgo, pesquisador e militante político, autor de “Batuque” e “Boi Bumbá”, entre outras obras, e protagonista no grupo que criou a revista ‘Belém Nova’.

O Memorial será um espaço de referência para celebrar a ação inovadora de estética e de costumes do início do século XX no Brasil e de modo especial em Belém, pela geração liderada por Bento Bruno de Menezes Costa, que assinava Bruno de Menezes (Belém, 1893/Manaus, 1963), intelectual negro, nascido no bairro do Jurunas, que criou uma atmosfera de renovação cultural, estética e de defesa da diversidade étnico-cultural.

Bruno foi criado na periferia da cidade, formado nas linhas da tradição afro-brasileira, religiões de terreiro e nas lúdicas negras e caboclas (boi-bumbá e pássaros juninos). Fundou vários grupos, dentre eles os “Vândalos do Apocalipse”, o “Grupo dos Novos”, depois denominado por Dalcídio Jurandir, em 1941, de “Geração do Peixe Frito” (a Academia do Peixe Frito). Nestes grupos, intelectuais da periferia e a maioria de pessoas negras, descendentes de indígenas e autodidatas, revolucionaram a forma de ver e sentir a estética e a ética na Amazônia Oriental, entre os anos 20 e 50 do século XX.

O professor doutor e escritor Paulo Nunes, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e estudioso da vida e obra de Bruno de Menezes, comenta que os introdutores do Modernismo na Amazônia brasileira, “de certo modo, inverteram a lógica eurocêntrica (a Belle-Époque tropical) e pautaram a arte produzida pelas  periferias, pretos, indígenas, caboclos, migrantes pobres, enfim, uma gama de enjeitados das rodas sociais das elites de Belém, enriquecidas com o comércio do látex durante a Belle Époque amazônica.”

Paulo Nunes revela que os “peixefritanos” sedimentaram a ideia de republicanidade através de ações estético-culturais, das gentes das baixadas, estivas e palafitas de Belém e do interior do Estado, que migraram para a zona urbana e em Belém se fixaram.

O Memorial Bruno de Menezes do Modernismo Paraense abrigará um projeto de arte-educação e salvaguarda da memória do Modernismo paraense, espaço vivo e dinâmico, ligado à Semec (Núcleo de Arte, Cultura e Educação – Nace). Funcionará, por sugestão de Marília Menezes, poeta e jornalista, filha de Bruno, acatada pelo prefeito Edmilson Rodrigues, na Cidade Velha de Belém, no anexo ao Palacete Pinho, antiga residência da artista plástica Dina Oliveira. Ali ficará o acervo, com direito a consultoria acadêmica de professores pesquisadores da Semec, UFPA, Uepa, Unama, IFPA, IHGP, Cedenpa e da família Bruno de Menezes.

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