Publicado em: 3 de novembro de 2014

Foto de Artur Vitor Iannini
Vejam como eram belíssimos os seculares painéis em azulejaria francesa – legítimas peças HTE Boulenger & Cie – estilo art nouveau do Casarão do Ferro de Engomar, como é conhecido o Palacete Victor Maria da Silva, localizado na rua Presidente Pernambuco, Praça Coaracy Nunes, no bairro da Campina, em Belém, alvo de furto e depredação, de onde todas as peças do banheiro, os lustres, os gradis e os vitrais, além dos belos e raros azulejos, foram levados na calada da noite. As ações dos vândalos foram denunciadas por arquitetos, ambientalistas, museólogos, artistas, estudantes, cineastas e representantes de instituições e de entidades da sociedade civil, alarmados com mais um dos diversos crimes cometidos contra a memória cultural do Pará, o que impediu maior depredação. A casa, que tinha nove painéis figurativos, de valor histórico inestimável, a partir do final do século XIX foi residência da família do engenheiro Vitor Maria da Silva, secretário de Obras no governo de Augusto Montenegro.
Em 2013 a Procuradoria Ambiental e Minerária do Estado ajuizou ação civil pública ambiental contra o proprietário do prédio, por danos morais coletivos, a fim de garantir a preservação do imóvel. O então juiz titular da 2ª Vara da Fazenda, Marco Antônio Castelo Branco, deferiu liminar que exigia segurança 24 horas/dia para o prédio e restauração das peças depredadas.
Mas o prazo para o cumprimento das exigências expirou no início deste ano, o proprietário – mesmo passível de multa diária – descumpriu a ordem judicial e o trabalho de restauro dos azulejos, que contava com o apoio do Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação (Lacore) da Universidade Federal do Pará a fim de identificar, catalogar e avaliar os azulejos históricos, não teve continuidade, por não mais ter sido autorizado pelo dono do imóvel, que, é evidente, o relega ao abandono com fins comerciais, já que sabia perfeitamente das condições da edificação no ato da compra, que é recente.
Mas o prazo para o cumprimento das exigências expirou no início deste ano, o proprietário – mesmo passível de multa diária – descumpriu a ordem judicial e o trabalho de restauro dos azulejos, que contava com o apoio do Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação (Lacore) da Universidade Federal do Pará a fim de identificar, catalogar e avaliar os azulejos históricos, não teve continuidade, por não mais ter sido autorizado pelo dono do imóvel, que, é evidente, o relega ao abandono com fins comerciais, já que sabia perfeitamente das condições da edificação no ato da compra, que é recente.
O casarão está em processo de tombamento, requerido pela Secretaria de Estado de Cultura, através do seu Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural. O Sesc Boulevard e o prédio da Galeria Paris na América são exemplos de prédios históricos restaurados e em pleno funcionamento, em Belém. Mas a maioria do casario da cidade está em ruínas, sem uso ou subutilizada, como o Palacete Pinho, na Cidade Velha. Problemas permanentes têm afetado a conservação da memória arquitetônica da cidade, boa parte do período da Belle Époque.
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