O primeiro turno das eleições municipais de 2024, realizado no último domingo, 6 de outubro, representou avanço na representatividade feminina, apesar de o cenário ainda estar muito longe do ideal. Entre os 69.346 candidatos eleitos em todo o Brasil, 12.417 são mulheres (representando 17,91% do total) enquanto os homens ainda dominam, somando 56.929 eleitos ( 82,09%). Embora o número de mulheres em cargos executivos e legislativos tenha crescido em relação aos anos anteriores, a desigualdade de gênero nas lideranças municipais persiste.
Em 2020, 656 mulheres foram eleitas para chefiar prefeituras em todo o país, representando 12% do total de municípios. Já em 2024, 722 mulheres conquistaram prefeituras no primeiro turno, elevando esse percentual para 13%. No entanto, mesmo com o aumento geral no número de prefeitas eleitas, nenhuma mulher foi eleita no primeiro turno nas capitais brasileiras. Em 15 das capitais, a disputa segue para o segundo turno, marcado para 27 de outubro, e 7 candidatas ainda estão na corrida para conquistar o posto de prefeita.
A quantidade de mulheres eleitas para o cargo de vereadora subiu de 16% para 18% em comparação com as eleições de 2020. Este crescimento se reflete nos números absolutos: em 2020, 9.371 mulheres foram eleitas para câmaras municipais em todo o país, enquanto em 2024 o número subiu para 10.649. O aumento é modesto, mas demonstra um movimento contínuo rumo a uma política mais inclusiva e a perseverança feminina em lutar contra todos os obstáculos para conquistarem o protagonismo político.
O Pará, nas eleições de 2024, elegeu 28 mulheres para o cargo de prefeita, uma a mais em relação à 2020. A maioria dessas vitórias veio do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que assegurou 22 prefeituras. Outros partidos como o PP (Partido Progressistas), União Brasil e PSD também elegeram representantes femininas.
Os municípios parauaras que elegeram prefeitas foram:
1. Abaetetuba – Francineti Carvalho (MDB)
2. Almeirim – Lúcia do Líder (MDB)
3. Aurora do Pará – Vanessa Gusmão (MDB)
4. Benevides – Luziane Solon (MDB)
5. Cachoeira do Piriá – Bete Bessa (MDB)
6. Canaã dos Carajás – Josemira (MDB)
7. Capitão Poço – Fernanda Tonheiro (PP)
8. Colares – Maria Lucimar (MDB)
9. Conceição do Araguaia – Elida Elena (MDB)
10. Concórdia do Pará – Elisangela Celestino (MDB)
11. Curionópolis – Mariana Chamon (MDB)
12. Floresta do Araguaia – Majorri Santiago (MDB)
13. Gurupá – Iracilda Alho (MDB)
14. Juruti – Dona Lucidia (MDB)
15. Marituba – Patrícia Alencar (MDB)
16. Nova Esperança do Piriá – Alcineia Ferro (MDB)
17. Nova Timboteua – Professora Aline (PP)
18. Oeiras do Pará – Gilma Ribeiro (PP)
19. Piçarra – Laane Barros (MDB)
20. Ponta de Pedras – Consuelo Castro (União Brasil)
21. Rio Maria – Marcia Ferreira (MDB)
22. Rondon do Pará – Adriana Andrade (MDB)
23. São Caetano de Odivelas – Professora Leila (MDB)
24. São Domingos do Araguaia – Elizane Soares (MDB)
25. São João da Ponta – Lidiane Feitosa (PSD)
26. São João de Pirabas – Kamily Araújo (MDB)
27. São João do Araguaia – Marcellanne Cristina (PP)
28. Ulianópolis – Kelly Destro (MDB)
A reeleição de Francineti Carvalho em Abaetetuba é um marco, pois ela assume seu quarto mandato, reforçando sua influência política na região, refletindo os inúmeros projetos premiados que sua gestão vem desenvolvendo, e mostrando a valentia com que enfrenta as inúmeras tentativas de desqualificar seu currículo impressionante através de ataques pessoais. A sua vice, Edileuza Muniz (PT), é uma experiente figura pública, com cinco mandatos como vereadora. A disputa em Abaetetuba foi acirrada, e Francineti venceu com uma diferença de 32 votos. A última urna, que garantiu sua vitória, era de um comunidade quilombola.
No sábado, 5 de outubro, véspera da votação, segundo reportou o Estado do Pará on-line, a Polícia Militar foi acionada em Abaetetuba após denúncias de que materiais estariam sendo distribuídos em troca de votos por parte de apoiadores do candidato Adamor Bitencourt (PP) na área conhecida como “beiradão”. Durante a abordagem, foram apreendidos itens como cestas básicas, motores para embarcações e combustível. Segundo testemunhas, os materiais estariam sendo oferecidos aos moradores das ilhas da região em troca de apoio ao candidato. Em áudios que circularam nas redes sociais, um homem descreve a apreensão: “A [Polícia] Federal já levou agorinha. A Federal e o IML para fazer a perícia. Levaram dois caras. Levaram as camisas do Adamor. Quem foi embora com seus rabudos (embarcação) ganhou. Quem não foi, dançou”.
Além de Abaetetuba, outras cidades paraenses viram a vitória de lideranças femininas. A prefeita reeleita e primeira mulher a ocupar o cargo em São Caetano de Odivelas, Professora Leila Felipa, fez história ao continuar o legado de sua mãe, que foi a primeira vereadora mulher do município. A vitória de Leila reforça a importância das trajetórias políticas femininas na construção de lideranças futuras e crescimento da representatividade.
No município de Marituba, Patrícia Alencar (MDB) foi reeleita com expressivos 71,36% dos votos, uma vitória que simboliza a confiança do eleitorado em sua gestão e nas políticas implementadas nos últimos anos. Essa tendência de continuidade também foi observada em outras cidades paraenses, como em Canaã dos Carajás, onde Josemira (MDB) se consolidou como prefeita. Luziane Solon (MDB) foi reeleita com mais de 83% dos votos em Benevides.
A busca por igualdade de gênero na política brasileira continua, mas o pequeno aumento no número de prefeitas e vereadoras eleitas em 2024 não é suficiente e mudanças estão em curso de forma lenta. A equidade da representatividade feminina é um passo necessário para uma democracia plena. É essencial que o impulsionamento da participação de mulheres em pleitos, e os próximos anos mostrarão o impacto dessas novas lideranças nas cidades parauaras e brasileiras.
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