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Gusttavo Lima vai fazer tchetchererêtchetchê no xilindró. O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decretou a prisão preventiva do cantor nesta tarde da segunda-feira, dia 22 de setembro, no âmbito das investigações da Operação Integration, que apura um esquema de lavagem de dinheiro e que também resultou na prisão da influenciadora digital Deolane Bezerra. A ordem de prisão foi expedida pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, após o Ministério Público solicitar a continuidade das diligências da investigação e recomendar medidas cautelares. No entanto, segundo a decisão, obtida pelo G1, a juíza optou por manter a prisão preventiva de Lima, afirmando não enxergar outra medida menos rigorosa para garantir a ordem pública.

A Operação Integration, deflagrada em 4 de setembro de 2024, investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 3 bilhões, envolvendo jogos de azar e apostas esportivas. Durante a operação, foram presos Deolane Bezerra e mais de dez suspeitos, incluindo o empresário Darwin Henrique da Silva Filho, dono da casa de apostas Esportes da Sorte, e sua esposa, Maria Eduarda Filizola. No mesmo dia, a Polícia Civil de São Paulo apreendeu um avião que pertencia à empresa de Gusttavo Lima, a Balada Eventos e Produções, que estava em manutenção no aeroporto de Jundiaí, no interior paulista. Segundo as investigações, a aeronave teria sido vendida para a empresa J.M.J Participações, mas o nome de Gusttavo Lima ainda constava como proprietário no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Anac. Após a apreensão, o cantor utilizou suas redes sociais para se manifestar sobre o caso, afirmando não ter relação com o avião apreendido. “Estão dizendo que o meu avião foi preso, mas eu não tenho nada a ver com isso. Esse avião foi vendido no ano passado”.

A operação também resultou no bloqueio de ativos financeiros e no sequestro de bens de vários investigados, incluindo aeronaves e carros de luxo, com um total de R$ 2,1 bilhões bloqueados. Deolane Bezerra, uma das principais figuras no esquema, teve R$ 20 milhões bloqueados, e sua empresa, Zeroumbet, teve bloqueio de R$ 14 milhões. Em depoimento, Deolane afirmou que sua renda mensal gira em torno de R$ 1,5 milhão, mas a investigação aponta que os valores envolvidos são significativamente maiores. Deolane foi presa em 4 de setembro e, após uma série de eventos jurídicos, incluindo a concessão de um habeas corpus e o descumprimento de medidas cautelares, voltou à prisão. A influenciadora chegou a alegar injustiça e abuso de autoridade em sua prisão, publicando cartas de defesa em suas redes sociais. Contudo, as investigações continuam em curso, com o Tribunal de Justiça de Pernambuco negando pedidos adicionais de habeas corpus. A prisão de Gusttavo Lima e o desenrolar da Operação Integration trouxeram um novo foco para os esquemas de lavagem de dinheiro envolvendo figuras públicas e grandes somas em jogos de azar. O Ministério Público e a Polícia Civil seguirão realizando novas diligências para aprofundar as investigações e determinar a extensão do esquema criminoso.

Gusttavo Lima tem história com contratos milionários com prefeituras de pequenas cidades. Um levantamento realizado pelo portal ICL Notícias revelou que, só em 2024, o cantor faturou R$ 12,3 milhões em onze shows patrocinados por administrações municipais. Em Mara Rosa, em Goiás, uma cidade com cerca de dez mil habitantes, ele foi contratado por um cachê de R$ 1,1 milhão, o que representa 10,35% do orçamento municipal destinado à cultura e 1,31% do orçamento geral do município para todas as secretarias. Dividido entre os habitantes da cidade, o cachê equivale a R$ 102,80 por morador.

Esse padrão de contratação sem licitação direta, permitido pela legislação, chamou a atenção do Ministério Público de vários estados. Promotores questionam a razoabilidade dos cachês pagos e a capacidade dos municípios de custear essas despesas sem comprometer outros serviços essenciais. Em Nova Russas, no Ceará, por exemplo, o Ministério Público tentou cancelar um show de Gusttavo Lima, contratado por R$ 1,2 milhão, mas a juíza responsável decidiu que o valor estava dentro dos padrões de mercado. Esse tipo de contratação já havia sido alvo de polêmica em 2022, quando o cantor foi criticado pelo envolvimento em eventos pagos por prefeituras enquanto fazia duras críticas à Lei Rouanet. Na época, ele defendeu-se em vídeo, chorando, afirmando que não compactuava com o uso indevido de dinheiro público e que suas finanças estavam em dia. O sertanejo, que costuma receber o dobro do que outros cantores do mesmo estilo musical, parece “não saber” que recursos municipais são dinheiro público.

Na decisão que decretou a prisão de Gusttavo Lima, conforme relatado pelo colunista Lauro Jardim, a juiza destacou que os jogos de azar, como o jogo do bicho, têm um efeito devastador sobre as famílias brasileiras. Segundo a magistrada, esses jogos atingem de maneira mais severa a classe trabalhadora, que acaba presa em ciclos de endividamento e desespero. Ainda segundo a decisão, os jogos de azar corroem o tecido social, promovendo desigualdade e causando a destruição de famílias.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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