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O jornalista, historiador e escritor Murilo Fiuza de Melo lança nesta segunda-feira, 1º, às 15h, no Palacete Faciola, em Belém, o livro “Clara Pandolfo, uma cientista da Amazônia”, a história de uma paraense extraordinária que viveu à frente do seu tempo, lutou pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia e ocupou espaços dominados pelos homens desde o início do século XX.

Inspiradora e pioneira na emancipação feminina, Clara Pandolfo foi a primeira mulher a se formar em Química na região Norte, aos 17 anos, em 1929, e uma das cinco primeiras do país. Utilizou conceitos de economia e ecologia para defender o manejo florestal sustentável, décadas antes de sua implementação no país, e teve a ideia de usar satélite para registro e localização de desmatamento na Amazônia ainda no início dos anos 1970. Na década de 1930 já participava do movimento feminista em defesa do voto da mulher e do sufrágio universal no país.

O livro impresso será distribuído a todas as escolas de ensino médio e bibliotecas públicas do Pará e pode ser baixado gratuitamente no site clarapandolfo.online a partir do dia 1º. Uma versão em audiobook também estará disponível, assim como o minidocumentário sobre a vida da cientista. A iniciativa está alinhada ao movimento liderado pela Unesco e pela ONU Mulheres, de incentivo à inclusão de mulheres e meninas na ciência.

O projeto inclui também um ciclo de palestras com estudantes de ensino médio e de universidades do Pará. O objetivo é resgatar a história de Clara, pouco conhecida pelas novas gerações da Amazônia e do país. O projeto tem patrocínio master da Vale e apoio do Instituto Yudos.

Murilo Fiuza de Melo é neto da cientista, que era filha do comerciante português  Albano  Augusto  Martins  e da paraense  Judith  Barreau  do  Amaral  Martins. Clara Barreau do Amaral Martins nasceu em Belém, no dia 12 de junho de 1912.  Nos anos de 1930, conheceu Rocco Raphael Pandolfo, gaúcho de Porto Alegre que se mudara para Belém no fim da década de 1920 em busca de emprego. Os dois casaram em 1936, quando Clara adotou o sobrenome que passou usar na vida profissional. O casal viveu junto por meio século e teve três filhos: Vera, Sérgio (médico ginecologista e escritor) e Maria Lúcia.

Em 1930 Clara se graduou pela então Escola de Chimica Industrial do Pará, dirigida pelo renomado naturalista francês Paul Le Cointe. Na ocasião apresentou a monografia “Contribuição ao estudo químico das plantas amazônicas”, ponto de partida para uma trajetória pessoal e profissional voltada à discussão das questões regionais e à utilização dos recursos naturais amazônicos.

Clara foi a última diretora da Escola de Química Superior do Pará antes da sua incorporação pela Universidade Federal do Pará. Em sua gestão, de janeiro de 1961 a janeiro de 1964, implantou o Laboratório de Análise Espectral, inaugurado em 1963, por meio de convênio com a então SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia), que foi extinta para criação da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). O laboratório contava com equipamentos de ponta comprados no exterior.

A cientista morreu aos 97 anos, em 2009. 

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