Publicado em: 13 de outubro de 2025
Belém tem 39 ilhas, divididas entre dois distritos administrativos: 12 no de Mosqueiro e 27 no de Outeiro (Caratateua), cada uma com sua própria população e características. Representam mais da metade do território municipal, mas não dispõem de saneamento básico, sequer um plano de manejo.
A COP 30 encheu de esperança a população da região insular de Belém, que sonha ter condições de vida dignas e oportunidades para o desenvolvimento sustentável. O turismo de base comunitária, valorizando a cultura ribeirinha, certamente é a grande alternativa para explorar corretamente a beleza cênica, os produtos orgânicos e o modo de vida amazônico parauara. Porém, é preciso investir em água e esgoto tratados, em infraestrutura, em qualificação das comunidades para que saibam preparar, embalar e vender sua produção, além de um bom receptivo não só para atender bem os visitantes mas principalmente os moradores locais.
É um grande desafio, até porque as ilhas mais próximas a Belém foram invadidas por bares e restaurantes que atraem uma multidão, principalmente a ilha do Combu. Os presidentes Macron e Lula já foram lá, mas quem toma banho naquelas águas precisa saber que estão cheias de coliformes fecais. Outra questão é de segurança pública. Lanchas e jet skis são pilotados em alta velocidade por pessoas bêbadas, e ninguém fiscaliza. Não raro acontecem acidentes que na verdade são homicídios, já que é proibido consumir bebidas alcoólicas antes e durante a direção.
A história também deveria ser trabalhada como atração turística. A ocupação da ilha de Cotijuba, por exemplo, começou com os Tupinambá e em 1874, com a instalação do Engenho Fazendinha pelo capitão Pereira da Cunha, foi reconfigurada. No século XIX, Cotijuba foi usada como área estratégica militar durante a Cabanagem. No século XX, a ilha foi comprada pelo desembargador Raimundo Nogueira de Farias, que estabeleceu um educandário para pequenos infratores, impulsionando seu desenvolvimento social e econômico com o apoio do governador Magalhães Barata, cujas ruínas ainda podem ser visitadas.
Não há políticas públicas para o povo da floresta, embora os discursos sempre usem essa expressão. A coleta de lixo é precária. Não existe água potável nas ilhas, moradores e empreendedores são obrigados a comprar garrafões de água mineral, o que encarece a conta apresentada ao consumidor. Para gerar renda sem destruir, é preciso criar uma base mínima. ARota Combu, recentemente anunciada, não passa de marketing mascarando a realidade.


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