Foram divulgados nesta sexta-feira, 25 de outubro, novos dados do Censo Demográfico 2022 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), proporcionando uma compreensão estatística da realidade brasileira e confirmando várias noções que já eram esperadas por aqueles que acompanham a evolução da sociedade do país. De acordo com as informações, 34,1% das mulheres brasileiras são as responsáveis financeiras pelo lar, enquanto apenas 25% foram registradas como cônjuges dependentes. Esta é uma mudança expressiva, considerando que, em 2010, as mulheres lideravam 22,9% das residências, sendo 29,7% classificadas como companheiras ou esposas do responsável.
Atribuir este dado ao movimento crescente de independência econômica e social entre as mulheres brasileiras, motivado pela maior presença delas no mercado de trabalho e, em muitos casos, por uma renda que assegura autonomia financeira, é romantizar a realidade. É claro que não podemos ignorar as conquistas femininas dentro do mercado de trabalho, porém não é possível não atentar que as mulheres são maioria como responsáveis pelo lar justamente nas faixas populacionais caracterizadas pelo Censo como “sem cônjuge e com filhos e enteados” e “outras composições”, o que evidencia nitidamente o abandono parental masculino e também a assunção de responsabilidade financeira de avós, tias, tias-avós, filhas, irmãs e bisavós.
Em 29% dos lares chefiados por mulheres, elas são as únicas responsáveis financeiras por filhos, sem a presença de um cônjuge. Esses dados revelam a complexidade enfrentada por mães solo, que assumem inteiramente o papel financeiro e de cuidado, o que contrasta com os lares chefiados por homens, onde apenas 4,4% estão na mesma condição. Na Região Norte, os homens são maioria como responsáveis financeiros do lar apenas em situações de casais sem filhos ou de casais apenas com filhos de ambos (sem enteados).
Entre os lares com chefia feminina, a proporção de mulheres pretas liderando famílias com seis ou mais pessoas (6%) destaca-se em contraste com o percentual de lares brancos nessa categoria (2,4%). Essas disparidades mostram uma realidade social complexa e conhecida, onde a chefia de lar por mulheres negras está associada a lares maiores e à condições de vulnerabilidade.
O Censo mostra 43,8% dos lares são liderados por pessoas que se identificam como pardas, em comparação com 43,5% chefiados por brancos. Esta é a primeira vez que a população parda lidera essa categoria, acompanhando o aumento do número de brasileiros que se identificam como pardos, o maior grupo racial do país.
O levantamento mostra que o protagonismo feminino à frente dos lares varia regionalmente. Em 10 estados, oito deles no Nordeste, as mulheres já são a maioria na chefia das residências. Pernambuco lidera com 53,9% dos lares chefiados por mulheres, seguido de Sergipe (53,1%) e Maranhão (53%). No entanto, as menores proporções estão em Rondônia, com 44,3%, e Santa Catarina, com 44,6%.
O Pará tem a 9ª maior população residente entre os estados, com 8.120.131 habitantes. A taxa anual de crescimento da Região Norte é de 0,75% (enquanto a do Brasil, como um todo, é de 0,52%) e 91,84% da população é alfabetizada, abaixo da média brasileira, que é de 93%. Das 1.694.836 pessoas indígenas no país, 753.780 estão no Norte, e das 1.330.186 pessoas quilombolas que habitam o território nacional, 167.311 vivem na região.
Os dados do Censo também apontam um aumento expressivo, em nível nacional, de casais homoafetivos e de pessoas que vivem sozinhas ou optam por não ter filhos. O número de lares homoafetivos cresceu de 59 mil, em 2010, para 391 mil em 2022, sendo o Norte a região com o menor registro deles. A proporção de casais sem filhos aumentou de 16,1% em 2010 para 20,2% em 2022. Outro aspecto relevante do levantamento é o crescimento de pessoas vivendo sozinhas em diversas faixas etárias. Em 2022, 72,4% dos lares têm até três moradores, enquanto lares com cinco ou mais pessoas diminuíram substancialmente. A Região Norte, entretanto, é a região com maior concentração de moradores por domicílio (o Pará tem uma média de 3,1 moradores por casa).
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