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Ao participar ontem à tarde (11) do seminário “Caminhos para Transição Energética Justa no Brasil”, promovido pelo BNDES em parceria com a Petrobras, no Rio de Janeiro, o governador Helder Barbalho fez questão de acentuar que o petróleo não é a vocação que o Pará escolheu. “A vocação que o Pará escolheu é bioeconomia, é floresta viva. Este é o nosso maior tesouro”, afirmou, defendendo que Petrobras e BNDES firmem um grande consórcio de alavancagem da transição ecológica na Amazônia. “Entendemos que a bioeconomia, agricultura regenerativa, oportunidades de sistemas agroflorestais, oportunidades de geração de pagamentos por serviços ambientais, oportunidade do mercado de carbono, tudo isto junto, precisa da indução de financiamento e fomento para que estas atividades possam ser enxergadas como um novo grande negócio, a nova grande commodity da região amazônica”, completou.

Os vários ciclos socioeconômicos do Pará são um mau exemplo. O dos minérios, iniciado nos anos 1960, perdura até hoje, tal como a pecuária, responsável por 60% da destruição da floresta. O emblemático ciclo da borracha, dos fins do século XIX até 1912, além do Theatro da Paz em Belém e dos palacetes, pouco deixou. O Pará exibe há décadas índices inferiores a qualquer estado das outras regiões do Brasil, em IDH, PIB ou qualquer outro. A Amazônia, com tanto valor na cultura, na arte, na ciência e biodiversidade, desde a primeira metade do século XX perdeu o brilho e ficou no lugar que era ocupado pelo Nordeste.

A Amazônia – e particularmente o Pará – precisam com urgência de políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação. Milhares de doutores são colocados no mercado de trabalho a cada ano e raras patentes são registradas. A internet disponível é de má qualidade, os salários e as bolsas de pesquisa não atraem os profissionais, que acabam saindo do país ou pelo menos da região. Plantas valiosas, medicinais ou aromáticas são alvos de motosserras. Castanheira, Copaíba, jatobá, louro e outras árvores são derrubadas impunemente, e poderiam produzir óleos essenciais e extratos para o mercado de perfumaria, tão ávido por novos produtos da rain-forest. Priprioca, pau-rosa, cumaru e macacaporanga deveriam ter estudo priorizado, química e biologicamente, como estratégia viável para a economia amazônica, porque consideram aspectos ambientais, sociais e econômicos. Podem gerar produtos qualificados para a indústria farmacêutica, de perfumaria, cosméticos e higiene pessoal. As empresas que atuam nesse setor têm faturamento bilionário, crescem mais que a economia da China, geram postos de trabalho. Estamos falando de trilhões que podem ser obtidos só com produtos da floresta preservada. E o Pará dispõe de Parques Estaduais Tecnológicos, perfeitos para esses projetos.

No Pará há 27 Unidades de Conservação de competência estadual, totalizando 21.015.518,63 hectares de áreas preservadas, de responsabilidade do Ideflor-Bio, que tem a gestão das florestas públicas visando produção sustentável e a preservação da biodiversidade. Há muito o que fazer nelas.

Área de Proteção Ambiental de Uso Sustentável, a ilha do Combu, por exemplo, foi instituída como Unidade de Conservação a partir da Lei nº 6.083/1997, com área de aproximadamente 15 km². Sob gestão estadual, entre os seus principais objetivos de criação figuram a proteção da diversidade biológica, das espécies ameaçadas e o desenvolvimento sustentável conciliando o uso dos recursos com as comunidades ali existentes. A ilha é a quarta maior da área insular de Belém, é plena de atrativos naturais e está a 1,5 km de distância da área urbana da capital. Mas o turismo desordenado coloca em risco a natureza e desrespeita as comunidades ribeirinhas que ali habitam. A proliferação de restaurantes e práticas de lazer nos igarapés e furos gera problemas e vem transformando a Ilha do Combu, é urgente a necessidade de plano de manejo, haja vista a precariedade dos instrumentos técnicos de gerenciamento da APA na representação do Conselho e de lideranças do local.

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