0

Hoje, 4 de fevereiro, é o Dia Mundial de Combate ao Câncer, e é de grande importância a conscientização sobre a doença e seus impactos, que vão muito além da conhecida perda de cabelo causada pela quimioterapia. O tratamento do câncer pode levar a mudanças drásticas na vida dos pacientes, como a necessidade de uma estomia, um procedimento cirúrgico que cria uma abertura no corpo para a eliminação de fezes ou urina, feito em certos casos de tumores no intestino ou cavidade abdominal que comprometam a integridade desses órgãos. Segundo Marcos G. Adriano Jota, cirurgião oncológico e diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, qualquer câncer que afete o intestino ou sua funcionalidade pode resultar em uma estomia, que muitas vezes é a melhor alternativa para garantir a saúde do paciente.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de cólon e reto é um dos mais comuns no Brasil, com uma estimativa de 45.630 novos casos por ano entre 2023 e 2025. É a terceira neoplasia mais frequente no país. A necessidade de estomia nesses pacientes pode ser temporária ou definitiva, dependendo da gravidade da doença e da extensão da cirurgia. 

A maior adversidade para os estomizados, no entanto, não é apenas física, porém emocional. A adaptação à nova rotina, que inclui o uso da bolsa coletora, exige suporte especializado e acompanhamento psicológico. “Quando conseguimos preparar o paciente antes da cirurgia, ele tem mais tempo para processar a mudança e entender que a estomia pode ser um caminho para a sua recuperação”, explica Jota. O médico enfatiza que é possível ter qualidade de vida com a condição desde que sejam seguidas orientações médicas como cuidados com a pele ao redor do estoma e a troca correta da bolsa coletora.

Átila Beck, especialista em Relacionamento com Associações de Usuários da Coloplast, em 2006, aos 44 anos, passou por uma cirurgia de hemorroida e recebeu, meses depois, o diagnóstico de adenocarcinoma maligno de intestino grosso, com nódulos na parede posterior do reto. No ano seguinte precisou ser submetido a uma amputação abdomino-perineal do reto e tornou-se estomizado. 

Apesar das dificuldades iniciais, ele encontrou motivação para seguir em frente. Além de manter sua carreira profissional, concluiu uma graduação e três pós-graduações na área de marketing e, para ajudar outras pessoas que passam pelo mesmo desafio, criou um canal no YouTube, no qual compartilha conteúdos sobre diagnóstico, adaptação e qualidade de vida. Aos 61 anos e há 18 estomizado, Átila leva uma rotina ativa, com alimentação equilibrada, prática de exercícios e momentos de lazer com amigos e familiares. “Não me vitimizo, pois sinto que tive outra chance para viver a vida que prezo e buscar os sonhos que almejo”, faz questão de ressaltar.

A estomia ainda é um tema cercado por preconceitos e desinformação. Muitas pessoas associam o procedimento a uma perda de qualidade de vida quando ele, na verdade, pode ser um divisor de águas para o bem-estar de quem passou por um câncer. O apoio social é fundamental na aceitação da nova condição. Por isso, ações educativas e a troca de experiências entre pacientes contribuem para um acolhimento mais humanizado dos estomizados em comunidade. 

Imagem: Coloplast

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

Core: a importância para a saúde e estética do abdômen

Anterior

Previsões para o Gerenciamento de Identidade e Acesso (IAM) em 2025

Próximo

Você pode gostar

Mais de Notícias

Comentários