Publicado em: 3 de julho de 2025
Córdoba, na Argentina, está sediando, de 1º a 3 de julho, a Conferência Climática Internacional 2025 (CCI25), um dos principais encontros preparatórios para a COP30 em Belém. Entre representantes de governos locais, cientistas, líderes sociais e instituições multilaterais, Francineti Carvalho, prefeita de Abaetetuba, levou ao evento a voz firme da Amazônia.
Durante sua participação, Francineti integrou um dos seminários promovidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), trazendo uma perspectiva direta, comprometida e crítica sobre os desafios enfrentados pelos territórios amazônicos diante da emergência climática global.

A prefeita iniciou sua fala questionando o tipo de recepção que a Amazônia tem recebido nos fóruns globais. Segundo ela, ainda persiste uma visão estigmatizada da região, que, ao invés de ser reconhecida como protagonista, é tratada com desconfiança ou exotismo.
“A COP30 vai acontecer em Belém do Pará. Pela primeira vez, a Amazônia terá a chance real de estar no centro desse debate. Mas, por incrível que pareça, o que muitos questionam é: vai ter hotel para abrigar essas pessoas? A pergunta certa é: por que não Belém? Por que não o Pará? Porque estamos falando da Amazônia”, provocou.
Ela criticou com firmeza a inversão de prioridades que marca o debate climático internacional, em que as responsabilidades tendem a recair sobre os territórios que menos poluem e mais preservam.
“Esperam da Amazônia todas as respostas, mas ninguém cobra quem realmente polui: os grandes países — muitos dos quais nem participam da discussão.”
Francineti tem se destacado, nacional e internacionalmente, pelo modo como estrutura políticas públicas de base ambiental em Abaetetuba, um município marcado por rios, ilhas e uma diversidade sociocultural única, aspectos que tornam a gestão territorial especialmente desafiadora.
Na conferência, a prefeita reforçou que o enfrentamento da crise climática precisa ser coletivo, inclusivo e justo, com espaço garantido para aqueles que historicamente foram deixados à margem das decisões:
“Ou entendemos que esse debate é de todos, ou vamos perecer todos juntos”.
Ela defendeu que povos tradicionais, juventude, mulheres e idosos devem ter representação real nas mesas de negociação, não apenas como símbolo de diversidade, mas como detentores de conhecimentos estratégicos para a preservação do planeta.
A participação de Francineti é um reconhecimento concreto dos avanços ambientais promovidos através de sua liderança. Dentre os projetos apresentados, destacam-se o Plano Local de Ação Climática, com metas específicas voltadas à mitigação e adaptação diante dos efeitos das mudanças climáticas; a adoção de políticas de compensação ambiental com resultados concretos em áreas sensíveis do município; e a conquista de recursos internacionais para a instalação de duas usinas solares, uma em uma escola ribeirinha e outra na sede da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Ao longo da CCI25, Francineti tem reforçado que os municípios amazônicos precisam ser levados a sério na diplomacia climática. Para ela, as soluções para a crise não podem ser desenhadas sem ouvir quem vive e governa dentro da floresta. Não se trata apenas de financiamento ou transferência de tecnologia, mas de reconhecer que há inteligência ambiental, social e política brotando dos territórios.
A participação da prefeita também abriu portas para encontros bilaterais com representantes de organizações internacionais interessadas em fortalecer parcerias com a Amazônia brasileira. Até o encerramento da conferência, nesta quarta-feira, 3 de julho, novos painéis tratarão da governança climática local, financiamento verde e inclusão de comunidades tradicionais nos instrumentos de mitigação e adaptação.
Comentários