Publicado em: 2 de dezembro de 2025
Um projeto desenvolvido por alunos do 2º ano da Escola Estadual de Ensino Médio Padre Marino Contti, em Mãe do Rio, levou a comunidade escolar do município à final do Solve for Tomorrow Brasil, programa nacional que estimula a aplicação da ciência em soluções sociais e conquistou a premiação do juri popular. A iniciativa, que tem como foco a criação de painéis ecológicos para atenuar ruídos em ambientes escolares, ganhou destaque entre as propostas finalistas por combinar inovação, sustentabilidade e impacto direto na aprendizagem de estudantes, especialmente aqueles diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Já um grupo de estudantes do Instituto Federal do Pará (IFPA), Campus Marabá Industrial, também chegou à etapa final do Solve for Tomorrow Brasil e conquistou o 3º lugar da premiação da banca técnica com uma solução de baixo custo voltada para o controle de mosquitos vetores de doenças na Amazônia.

A equipe de Mãe do Rio elaborou os “Painéis Ecológicos” a partir de um compósito residual feito com cascas de mandioca e de ovos de galinha, uma alternativa de baixo custo e baseada em materiais abundantes na região. O objetivo é reduzir a intensidade sonora em salas de aula, criando condições mais favoráveis tanto para estudantes sensíveis ao ruído quanto para professores. O orientador do projeto, Antonio Denilson Leandro da Silva, explica que os níveis de barulho observados pela equipe superam, com folga, o limite considerado confortável: “O nível de ruído considerado normal chega a 60 decibéis e, em sala de aula, a equipe já registrou um índice próximo de 90”, observou. Para ele, esse volume, semelhante ao encontrado em avenidas movimentadas, pode provocar transtornos emocionais em docentes e prejudicar a concentração dos alunos, efeitos ainda mais fortes entre aqueles com TEA, que apresentam maior sensibilidade auditiva.
O desempenho dos estudantes também chamou a atenção da coordenação nacional do programa. Helvio Kanamaru, Diretor de ESG e Cidadania Corporativa da Samsung para a América Latina, afirmou que “o envolvimento dos alunos parauaras com seu projeto é realmente inspirador”, destacando a dedicação do grupo em aprimorar não apenas o protótipo, mas também sua capacidade de apresentação. Kanamaru apontou ainda que os jovens têm se dedicado a estudos, leituras, testes e análises constantes, refletindo um compromisso genuíno com o impacto social da proposta. Segundo ele, esse tipo de engajamento demonstra como ciência e empatia podem caminhar juntas na formação de futuros pesquisadores.
Olhando para o conjunto do trabalho, Beatriz Cortese, Diretora Executiva do Cenpec, ressaltou que o projeto ilustra o potencial da metodologia do Solve for Tomorrow ao estimular o protagonismo juvenil. Para ela, “a equipe uniu conhecimento científico e um olhar empático para buscar uma solução criativa e sustentável, demonstrando como a educação pode andar de mãos dadas com a sustentabilidade e a inclusão”.
Atualmente, o protótipo está em fase de testes e vem proporcionando aos alunos uma vivência ampliada sobre o processo científico. O professor Antonio destaca que os estudantes aprimoram habilidades como cooperação, argumentação e comunicação. Ele relata que o grupo “trabalha junto para entender a proposta e a finalidade do protótipo” e tem buscado fundamentação teórica robusta para sustentar o desenvolvimento dos painéis. Segundo ele, os participantes estão cada vez mais seguros ao apresentar o projeto em público, demonstrando domínio técnico e clareza na comunicação.
O envolvimento das famílias também é decisivo. Antonio lembra que a comunidade se engajou desde o início, chegando a coletar cascas de ovo para uso no compósito do painel. Para o professor, essa mobilização reforça o papel transformador do programa: “O Solve for Tomorrow é uma alternativa para repensar o modelo de ensino, a construção e as vivências no ambiente escolar, colocando o aluno como protagonista nessa produção do conhecimento”. Ele afirma que a experiência gerou impacto social expressivo e mudou sua percepção sobre a prática docente e o ensino de conteúdos transversais ligados à matemática, às ciências naturais e à engenharia.
O projeto apresentado pelos estudantes de Marabá , batizado de EcoLuz Trap – Tecnologia de Baixo Custo contra Vetores na Amazônia, foi desenvolvido por cinco alunos do 2º ano do curso técnico de Controle Ambiental integrado ao ensino médio. A proposta consiste em uma armadilha projetada para atrair e eliminar mosquitos sem o uso de substâncias químicas ou equipamentos que ofereçam riscos ao usuário, como calor excessivo ou descargas elétricas. A armadilha utiliza materiais simples e reaproveitados, como latas de leite em pó, tampas de garrafa, peças eletrônicas retiradas de computadores antigos e elementos fabricados com papelão. O conceito central é oferecer uma alternativa acessível à população, especialmente a famílias de baixa renda, que dependem de soluções seguras para prevenir doenças transmitidas por vetores.
O orientador da equipe, Riguel Feltrin Contente, explicou que o objetivo desde o início foi criar algo funcional, replicável e barato. Ele detalhou que “a ideia é desenvolver um protótipo feito com lata de leite, tampas de garrafa, papelão e peças eletrônicas de equipamentos sem uso, como cooler de computador e fios de aparelhos antigos”. Além disso, a equipe produziu um site com instruções passo a passo para que qualquer pessoa possa construir a armadilha com o kit sugerido pelo projeto. Segundo o professor, a solução é inteiramente segura: “As armadilhas também não queimam, não dão choque e não contêm químicos, sendo seguras para a saúde dos usuários”.
A relevância social do trabalho foi destacada pela coordenação do Solve for Tomorrow. Helvio Kanamaru, Diretor de ESG e Cidadania Corporativa da Samsung para a América Latina, avaliou que “ao trabalhar em um protótipo de baixo custo e financeiramente acessível, os alunos de Marabá mostram uma atenção especial à população local de baixa renda”. Para Kanamaru, a iniciativa evidencia sensibilidade e estratégia, qualidades imprescindíveis à humanização da ciência. Ele ressaltou ainda que a armadilha pode gerar impacto significativo quando aplicada em locais suscetíveis à proliferação de mosquitos.
A Diretora Executiva do Cenpec, Beatriz Cortese, reiterou a importância do projeto ao afirmar que “o projeto EcoLuz Trap apresenta uma solução tecnológica que nasce de um grande entendimento da realidade local”. Para ela, a equipe demonstra como a ciência pode ser inclusiva, oferecendo respostas práticas e sustentáveis a um problema urgente de saúde pública. Cortese destacou também a simplicidade estrutural do protótipo, que combina princípios de eletrônica, consciência ambiental e saúde pública, tornando-o facilmente replicável e aplicável em diferentes comunidades.
Durante o desenvolvimento, o grupo realizou experimentos para medir a eficácia de captura da armadilha e trabalhou paralelamente na criação do site tutorial. O professor Riguel relatou que, ao longo desse processo, os alunos aprimoraram competências essenciais, como organização, definição de objetivos, empatia, colaboração e comunicação. Ele avalia que a participação no Solve for Tomorrow ampliou o olhar da equipe para a prática científica e se tornou uma experiência transformadora.
Riguel observa ainda que o programa proporciona aos estudantes oportunidades pouco comuns no cotidiano escolar, especialmente pelo acompanhamento técnico oferecido pelas mentorias. Para ele, a iniciativa representa uma porta de entrada para o pensamento científico aplicado. “É uma oportunidade de ter esse conhecimento profissional ao nosso alcance”, afirma. O docente considera que as atividades semanais, os desafios propostos e o suporte integral da equipe do programa fortalecem o aprendizado e valorizam o trabalho desenvolvido pelos estudantes e pela instituição de ensino.
A votação da categoria Júri Popular encerrou no dia 28 de novembro no site oficial do programa. Os três projetos mais votados foramo anunciados durante a cerimônia de premiação, que aconteceu nesta manhã do 2 de dezembro, em São Paulo, com transmissão ao vivo pelo canal da Samsung Brasil no YouTube. Além da Equipe de Mãe do Rio, também foram escolhidos o projeto Bioconcreto dos alunos da IFRN – Campus São Paulo do Potengi (RN); e o Apollo SPX (Solid Propellant Experiment), da Escola Estadual Cidadã Integral Técnica Jornalista José Itamar da Rocha Cândido (Cuité, PB).
A Escola Estadual José Mota de Manacapuru, AM, teve menção honrosa com o projeto ArapaimAtivos: Biofiltro de água com a produção de carvão ativado da ossada do Pirarucu com Tecnologia Sustentável.
A IFPA – Campus Industrial de Marabá conquistou o 3º lugar da banca técnica com o projeto Ecoluz Trap – Tecnologia de Baixo-Custo contra Vetores na Amazônia. O 2º lugar foi para Centro de Ensino em Período Integral Dom Veloso(Itumbiara, GO) com o. projeto Efeito de Extratos Vegetais em Aedes aegypti visando uso em estações disseminadoras de larvicidas. O grande vencedor foi o Instituto Estadual do Maranhão – Itaqui Bacanga (São Luís, MA) com o projeto BabaçuTech: Soluções sustentáveis e tecnológicas para transformação social da Amazônia Maranhense.
As equipes semifinalistas recebem, para cada instituição vencedora, um projetor Samsung e uma placa comemorativa, além de um tablet Samsung destinado a cada professor orientador e professor parceiro das 20 equipes classificadas. Na fase final, as dez equipes selecionadas garantem novamente o projetor e a placa para suas escolas, enquanto cada docente orientador ou parceiro recebe um notebook Samsung, e cada estudante finalista é premiado com um smartphone Samsung. Entre os vencedores nacionais, os prêmios variam conforme a colocação: o primeiro lugar recebe smartphone, Smart TV, fone de ouvido, além de um notebook Samsung; o segundo lugar ganha notebook, Smart TV, tablet e fone de ouvido; e o terceiro lugar recebe Galaxy Watch, Smart TV, smartwatch e fone de ouvido. As três escolas vencedoras na etapa nacional também recebem uma TV Samsung, e cada professor envolvido é contemplado com um smartwatch Samsung. Já o Júri Popular concede, aos projetos eleitos pelo público, um projetor Samsung e placa comemorativa para cada escola, um fone de ouvido sem fio para estudantes e professores, além de uma TV Samsung para cada instituição premiada. A Menção Honrosa repete o modelo: escola premiada com projetor, placa e TV Samsung, enquanto estudantes e professores responsáveis pelo projeto recebem um smartwatch Samsung.
Os dez finalistas foram:
Escola Estadual de Educação Profissional Antonio Rodrigues de Oliveira
Filtrocre: Filtro Mineral para Tratamento de Água feito dos rejeitos do Granito Ocre
Pedra Branca, CE
Centro de Ensino em Período Integral Dom Veloso
Efeito de Extratos Vegetais em Aedes aegypti visando uso em estações disseminadoras de larvicidas
Itumbiara, GO
Escola Técnica Estadual Lauro Gomes
São Bernardo do Campo, SP
Escola Estadual José Mota
Manacapuru, AM
IFPA – Campus Industrial de Marabá
Ecoluz Trap – Tecnologia de Baixo-Custo contra Vetores na Amazônia
Marabá, PA
Escola Herbert de Souza, C E-Ef M
Erva de Santa Maria: sabonetes antipulgas sustentável e natural
São José dos Pinhais, PR
EEEM Padre Marino Contti (Vencedor)
Mãe do Rio, PA
IFRN – Campus São Paulo do Potengi (Vencedor)
São Paulo do Potengi, RN
Escola Estadual Cidadã Integral Técnica Jornalista José Itamar da Rocha Cândido (Vencedor)
Apollo SPX (Solid Propellant Experiment)
Cuité, PB
Instituto Estadual do Maranhão – Itaqui Bacanga
BabaçuTech: Soluções sustentáveis e tecnológicas para transformação social da Amazônia Maranhense
São Luís, MA









Comentários