Publicado em: 2 de dezembro de 2025
A deputada e pastora da Igreja Assembleia de Deus Antônia Lúcia Câmara (Republicanos-AC) expôs hoje, 2, com enorme alarde, o fim de seu casamento e uma trama envolvendo traição conjugal e a mandamentos religiosos, além de acusações graves contra o também deputado federal (Republicanos-AM) e pastor da AD Silas Câmara, seu marido. Brasília entrou em polvorosa. No Distrito Federal até os vitrais da Catedral sabem que quando uma ex explode em público as consequências podem ser funestas.
Antônia Lúcia, economista, mãe e avó de quatro netos, inseriu na própria bio do Instagram o seu estado civil: “traída por meu esposo”. E desfiou um novelo devastador. Afirmou que Silas Câmara vive cercado por pessoas “sem moral”, inclusive um que “veio para atuar nas emendas que geram obras no Amazonas”, e que já foi à Polícia Federal para saber do patrimônio dele. Escancarou que o marido fazia orgia e usava cigarros eletrônicos na residência do casal; que a humilhava e “fez mal” a muitos e no mínimo a duas mulheres casadas, vereadoras. E concluiu: “infiel e desmoralizado. Quem tiver mulher ou marido cuidado com o pastor gatinho”.
Antônia Lúcia não parou aí. Postou também uma situação que classificou como “estranha”. Ela disse ter ido a uma operadora telefônica verificar o desaparecimento da linha do neto de 18 anos e descoberto que, dos 14 chips ativos no mesmo cadastro utilizado por Silas Câmara, apenas dois constavam na sua agenda e do neto. E insinuou: “seriam mulheres ou cadastro do INSS?”
Até agora, Silas Câmara está guardando silêncio. A bancada evangélica se faz de morta mas o terror das ex-mulheres está instaurado. O caso já virou novela política e a República sente o impacto. Gabriela Câmara, filha de Silas Câmara, publicou uma declaração nas redes sociais em defesa do pai. Um site de notícias repercutiu o post, ao que Antônia Lúcia reagiu comentando lá mesmo: “Trai igual ao pai, deixou três maridos.”
Há exemplos célebres no anedotário político nacional de mulheres que geraram crises institucionais com suas denúncias. Thereza Collor foi figura central no processo de impeachment de Fernando Collor de Mello em 1992. Ela corroborou as denúncias de corrupção feitas por seu marido, Pedro Collor, irmão do então presidente, e ajudou a mobilizar a opinião pública contra o governo.
Ana Cristina Valle, segunda ex-mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi investigada pelo Ministério Público por suspeita de envolvimento no esquema de “rachadinha” (apropriação indébita de parte dos salários de funcionários fantasmas) no gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. As investigações e as declarações dela à imprensa trouxeram à tona detalhes que impactaram a imagem pública de toda a família Bolsonaro.
Celso Pitta, então prefeito de São Paulo, em março de 2000 foi acusado por Nicéia Camargo, sua ex-mulher, de comprar vereadores que investigavam sua gestão numa CPI. Após o casamento de 30 anos ruir, ela disse que Pitta sabia das negociações para que a Câmara aprovasse o fim da CPI da Máfia dos Fiscais, em 1999, na qual vereadores eram acusados de cobrar propinas. Pitta viu sua carreira política desmoronar. Em dezembro de 2000, deixou o cargo na condição de réu em 13 processos na Justiça, a maior parte por irregularidades em sua gestão, incluindo denúncias de superfaturamento de obras e desvios de recursos públicos. Em 2008, teve a prisão decretada por não pagar pensão a Nicéia.
Outro caso notório foi o do ex-governador de Alagoas Geraldo Bulhões. Em 1993, Denilma, a primeira-dama, descobriu que Bulhões tinha uma amante e o expulsou do Palácio dos Martírios, segundo testemunhas indiscretas depois de uma surra com toalha molhada, e se lançou em campanha para deputada federal, tendo como carro-chefe de sua plataforma acusações ao ex-marido.
Marinalva Soares, ex-esposa do deputado federal Manoel Moreira (PMDB-SP), fez história na CPI do Orçamento, em 1993, ao se tornar uma das principais testemunhas contra o parlamentar, acusado de engordar seu patrimônio com recursos públicos desviados na Comissão Mista de Orçamento.
Em 2002, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) também foi acusado pela ex-mulher Mônica de Azambuja Alves de ter US$ 15 milhões em paraísos fiscais (Genebra, Bahamas e Ilhas Jersey), além de conta no Lloyds Bank, em Miami. A afirmação foi feita no processo de separação litigiosa do casal mas vazou. Ele perdeu o posto de vice na chapa de José Serra (PSDB-SP) na corrida eleitoral pela Presidência da República. A deputada capixaba Rita Camata, também do PMDB, acabou sendo a escolhida. Recordista com onze mandatos consecutivos, ele presidiu a Câmara dos Deputados, entre 2013 e 2015, e foi ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer. No dia 6 de junho de 2017, Alves foi preso pela Polícia Federal em desdobramento da Operação Lava-Jato que apurava desvios na construção da Arena das Dunas, em Natal.












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