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Foto: Paulo César Carvalho
Sessenta mil brasileiros foram assassinados em 2014 (os dados de 2015 ainda não estão consolidados) e 13% dos homicídios do mundo inteiro são cometidos no Brasil, o País com o maior número de homicídios dolosos do planeta. No ranking das cidades mais violentas do Pará, Belém figura em primeiro lugar, seguida por Ananindeua, Marabá e Castanhal. Em julho deste ano, só na região metropolitana, foram registrados espantosos 276 homicídios. Uma hecatombe. E pelo menos 80% desses crimes têm como motivação o tráfico de drogas. Os jovens (na maioria absoluta, negros) são as vítimas preferenciais: na faixa de 15 a 19 anos estão presos ou mortos. 

Os dados pavorosos foram expostos, hoje à tarde, pelo coronel Hilton Benigno, secretário adjunto de Segurança Pública do Pará, em reunião na Assembleia Legislativa que contou com a presença do comandante geral da PM, coronel Roberto Campos, e todo o seu Estado-Maior, os delegados João Bosco Rodrigues, diretor de Polícia do Interior, e Temer Kayath, de Castanhal; o deputado federal Hélio Leite; o presidente da Alepa, deputado Márcio Miranda; o deputado Eduardo Costa, e líderes comunitários de Castanhal. Os números  constam do Atlas da Violência 2016, divulgado no dia 22 de março deste ano pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e são o retrato de um país em guerra, com mais de 18 mil quilômetros de fronteiras abertas, o maior mercado consumidor de drogas da América do Sul, depois do México.

A escalada de violência foi debatida com franqueza e a cúpula da PM ficou de reunir com a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros, o Detran-PA, o Instituto de Perícias Científicas Renato Chaves e outros órgãos a fim de elaborar estratégias de ação conjunta de combate à criminalidade. Paralelamente, os deputados Márcio Miranda e Hélio Leite se prontificaram a mobilizar a bancada federal, o Ministério Público, o Poder Judiciário, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, inclusive os comandantes das Forças Armadas no Pará, a fim de unir esforços no sentido do enfrentamento ao tráfico de drogas, de armas e de pessoas.

A constante liberação de criminosos reincidentes em assaltos com uso de armas de fogo foi alvo de muitas críticas. Caso recente e bem ilustrativo foi um assalto em Castanhal na drogaria Big Ben, em que um dos bandidos apontou uma pistola “.40”, de uso exclusivo militar, para a cabeça de uma empregada do local, ameaçando crivá-la de balas se não entregasse todos os celulares da loja, enquanto o outro rendia os demais com um revólver 38. Presos pela PM, depois ambos foram liberados na audiência de custódia, tendo sido classificado o crime como “sem uso de violência ou grave ameaça” (!). E só não voltaram às ruas para assaltar e matar porque a PM diligenciou e mostrou em juízo o vídeo de um assalto anterior, em outro processo, e outro juiz decretou a prisão preventiva.

Os deputados Hélio Leite e Márcio Miranda pediram à sociedade que colabore com as polícias civil e militar, participando de grupos de WhatsApp de modo a permitir a informação em tempo real, ajudando a prevenir ações criminosas e a perseguir bandidos. A Alepa já contribuiu este ano com R$710 mil em emenda parlamentar destinada à área de segurança e Hélio Leite direcionou R$1 milhão em emenda também ao setor. Ambos defendem investimentos em motocicletas e no canil da PM, para  reforçar o patrulhamento, além de equipamentos tecnológicos para uso da inteligência.

Que a situação é gravíssima e não se limita a Castanhal, Belém, Ananindeua e Marabá, todos sabemos. Num País em que os traficantes atacam a Força Nacional a bala em plena capital das Olimpíadas, certamente a solução passa pela arregimentação de forças armadas e especiais e pelo pensamento estratégico.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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