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A campanha eleitoral deste ano está batendo recordes de violência e de desinformação. O debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo na TV Cultura ontem à noite foi interrompido por uma cadeirada do apresentador José Luiz Datena (PSDB) no influenciador Pablo Marçal (PRTB), durante o quarto bloco do programa, entre gritos e xingamentos irrepetíveis. A baixaria impera na maior metrópole da América Latina, cidade mais populosa do Brasil e uma das maiores do mundo. Nas outras capitais e nos municípios do interior, proliferam atentados à bala, atores e “influencers” contratados para disseminar ataques à reputação de adversários, disparos massivos de fake news em aplicativos de mensagens, além de emporcalharem as cidades com santinhos, poluírem visualmente com totens e infernizarem todo mundo com os jingles em altíssimos decibéis em carretas de som e buzinaços durante carreatas. Propostas exequíveis, mostrando como serão executadas, debates sobre temas sérios e pertinentes às realidades locais, não se vê.

A justificativa de Datena para a agressão é a clássica do macho latino: “perdeu a cabeça” quando Marçal relembrou acusações de assédio sexual feitas em 2019 pela repórter da Band, Bruna Drews, e disse que “não era homem” de lhe dar um tapa na cara. Por sua vez, Marçal é o suprassumo da canalhice. Ainda tenta se fazer de vítima. Mas chegou ao ponto de usar gíria de bandidos durante o debate, para atingir Datena, sem direito de resposta, porque os jornalistas não conheciam a linguagem cifrada de facções criminosas. Guilherme Boulos (PSol) e Ricardo Nunes (MDB) assumiram o protagonismo da baixaria após a expulsão de Datena e a retirada de Marçal. Tabata Amaral (PSB) e Marina Helen (Novo) aguentaram firmes.

Apesar da legislação, da vigilância do MP eleitoral e das ações no TSE e TREs, abuso de poder político, econômico e de autoridade, além de uso indevido de meios de comunicação são praticados à farta em todo o país. Não é à toa que a média nacional do Ideb é sofrível. A educação não é política de Estado porque à maioria dos políticos não interessa o pensamento crítico.

Assistam ao vídeo mostrando inclusive os bastidores durante a interrupção do programa de ontem.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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