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As movimentações visando construir as estratégias para a competição eleitoral ao governo do Pará estão em movimento. Na semana passada, em live nacional o presidente Jair Bolsonaro informou que terá um bloco de apoio no Pará que será comandado pelos parlamentares Zequinha Marinho e Joaquim Passarinho. O ex-governador Simão Jatene, em entrevista nas redes sociais, comunicou que estará engajado nas disputas eleitorais vindouras, independente de ser ou não candidato.
O PSOL deve manter a tradição de não se aliar em primeiro turno com a centro direita e deve lançar candidatura própria, já se fala no nome das ex-deputada Aracely Lemos. Já o governador do Estado Helder Barbalho se movimenta fortemente para sufocar seus adversários atraindo todo o espectro partidário do estado para a sua base de apoio.
Do ponto de vista empírico vemos que a coalizão de governo de Helder Barbalho deve ser transformada e ampliada em coligação eleitoral e evoluindo para incorporar mais de 100 dos prefeitos municipais e da maioria dos vereadores do estado, de fato, uma mega articulação político eleitoral, o que o credencia fortemente para estar no segundo turno das eleições de 2022.
Do lado das forças de oposição, destaca-se um primeiro bloco de atores políticos formados por: Senador Zequinha Marinho, ex-senador Mário Couto, deputados federais Eder Mauro, Joaquim Passarinho e Celso Sabino, delegado Eguchi, este é considerado um bloco bolsonarista autêntico que contará com uma grande máquina política, administrativa e financeira e promete capturar o voto bolsonarista no estado.
Os ataques visíveis ao ex-governador Simão Jatene pelo governador do Estado Helder, principalmente através da reprovação política de suas contas de governo e outras ações judiciais, recolocaram o ex-governador na arena de disputas e este poderá ser candidato ao governo, Senado ou mesmo coordenar de forma intensa a organização de uma alternativa com peso eleitoral para ajudar as eleições chegarem ao segundo turno. Jatene conta com o vice-campeão de votos de 2018, o ex-deputado Márcio Miranda, que hoje já lidera as disputas de intenção de votos para o Senado Federal.
Por outro lado, militantes e dirigentes do PSOL afirmam que este partido não integrará no primeiro turno de 2022 qualquer coligação de centro-direita no Pará. Caso esta posição seja confirmada, o PSOL, segundo a tradição de voto neste estado, não deverá obter menos de 5% em uma eleição estadual, tendo em conta o controle da máquina da prefeitura da capital.
Destes cenários alinhavados ainda tem o fato de que o governador do Pará não conseguiu contentar todas as facções políticas, sejam elas municipais ou estaduais, e estes pequenos grupos, quando aglutinados estadualmente, viram uma mega articulação de pequenos atores políticos, e estes pequenos atores estarão no campo da oposição e poderão ser força decisiva para a garantia de um eventual segundo turno no Pará.
As cartas estão na mesa. O jogo político e eleitoral está começando, caso os grupos oposicionistas atuem de forma estratégica o jogo político no Pará será bem disputado. Ainda temos uma variável extra que poderá mudar radicalmente os rumos da disputa política em curso, que são os processos em andamento no Superior Tribunal de Justiça contra o governador Helder Barbalho, relativos às denúncias de desvio de recursos público do Ministério da Saúde destinados ao combate à pandemia. Parece que a batalha não será fácil.

Edir Veiga
Edir Veiga é mestre e doutor em Ciência Política e professor da Universidade Federal do Pará. Especialista em estudos eleitorais, partidários e reforma política, política brasileira e teoria política, atua em pesquisas eleitorais. E-mail:

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