O ex-candidato à presidência da Venezuela, Edmundo González Urrutia, deixou o país no sábado 7 de setembro após obter asilo político na Espanha, poucos dias após a Justiça venezuelana ter emitido uma ordem de prisão contra ele, sob acusações relacionadas à publicação de resultados eleitorais paralelos em um site, acusações que ele negou repetidamente. O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, confirmou através de uma publicação em sua rede social X que González partiu de Caracas em um avião da Força Aérea Espanhola, em resposta a um pedido oficial. Antes do exílio, ele estava abrigado na embaixada da Espanha em Caracas. A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, também confirmou a concessão do asilo, alegando que a saída de González visava promover a “tranquilidade e a paz política no país”.
Em paralelo à saída de González, a Venezuela revogou a autorização para que o Brasil representasse os interesses da Argentina no país após a ruptura diplomática entre Venezuela e Argentina em virtude da contestada reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato. O Brasil, que havia assumido a proteção das instalações diplomáticas argentinas em Caracas após a expulsão dos diplomatas, foi surpreendido pela decisão do governo venezuelano. A Argentina rejeitou a decisão, classificando-a como “unilateral” e apelou para que Maduro respeitasse as diretrizes da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, que asseguram a inviolabilidade das missões diplomáticas. O Itamaraty também expressou surpresa com a revogação, mas garantiu que continuará custodiando a embaixada argentina até que um novo estado seja designado para assumir a função.
A principal preocupação das autoridades brasileiras e argentinas está voltada para a segurança de seis opositores venezuelanos que estão abrigados na embaixada argentina desde março, após serem acusados de conspiração contra o governo Maduro. Entre os abrigados estão figuras importantes da oposição, como Magalli Meda, ex-chefe de campanha de María Corina Machado, e Pedro Urruchurtu, coordenador internacional do partido Vente Venezuela. Na noite de sexta-feira, eles denunciaram nas redes sociais que a residência diplomática estava cercada pela polícia venezuelana e que o local havia ficado sem eletricidade, o que aumentou os temores sobre possíveis violações da imunidade diplomática. No mesmo dia, o Ministério das Relações Exteriores da Argentina pediu ao Tribunal Penal Internacional que emitisse um mandado de prisão contra Nicolás Maduro e outros altos funcionários do governo venezuelano em decorrência aos acontecimentos após as eleições presidenciais da Venezuela.
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