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O bispo emérito da Prelazia do Marajó, Dom José Luis Azcona Hermoso, agostiniano recoleto navarro, recebeu nesta sexta-feira, 6, o Prêmio Internacional Jaime Brunet para a Promoção dos Direitos Humanos, outorgado pela Universidade Pública de Navarra, por sua luta contra a exploração e abusos contra crianças e adolescentes e o tráfico humano. A honraria foi entregue pela presidente do Congresso dos Deputados, Meritxell Batet, que também é presidente honorária da Fundação Jaime Brunet, e pelo reitor da universidade, Ramón Gonzalo, presidente executivo da Fundação. O prêmio é de 36 mil euros, que o Monsenhor destinará a diversas iniciativas humanitárias, um diploma e uma escultura comemorativa de Carlos Ciriza.

O evento foi restrito a 150 convidados especiais, entre eles María Chivite, a presidente de Navarra; Unai Hualde Iglesias, presidente do Parlamento de Navarra; Joaquín Mencos Doussinague, vice-presidente da Fundação Brunet; o segundo vice-presidente e ministro regional do Ordenamento do Território, Habitação, Paisagismo e Projectos Estratégicos, José María Aierdi; as ministras da Cultura e do Esporte, Rebeca Esnaola; de Saúde, Santos Indurain; de Educação, Carlos Gimeno; de Universidade, Inovação e Transformação Digital, Juan Cruz Cigudosa; o delegado do Governo em Navarra, José Luis Arasti; o prefeito de Pamplona, Enrique Maya, e outras autoridades políticas, eclesiásticas, além das forças e órgãos de segurança do Estado e o Exército.

Em homenagem a Dom Azcona, a cantora lírica brasileira Gabriella Florenzano fez apresentação especial, ao lado do Quarteto Zura e do Coro Juvenil do Orfeón Pamplonés.

Dom José Luis Azcona (Pamplona, ​​1940) trabalha desde 1985 até hoje no Marajó, e se tornou referência na luta pelos direitos humanos e o combate ao tráfico de pessoas, intimamente relacionado ao tráfico de armas e de drogas. Em 2009, após anos de suas reiteradas denúncias, a Assembleia Legislativa do Pará instaurou Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou 25 mil casos e apurou o envolvimento de políticos e empresários na prática de pedofilia.

Batet destacou em seu discurso que “ainda vigoram as ameaças de tirania, exploração, negação de acesso a bens básicos”. E neste contexto, sublinhou, é necessário continuar a defender os direitos humanos, realçando os conceitos de valor e dignidade humana. A presidente do Congresso mencionou a guerra na Ucrânia, que no seu entendimento é “contrária ao direito internacional, viola os direitos humanos e supõe um ataque existencial contra os valores que encarnaram a construção da União Europeia”.

O presidente do Parlamento Provincial, Unai Hualde, também se referiu à situação ucraniana, mas ressaltou que “devemos falar também sobre o que está acontecendo no Saara, na Palestina, no Brasil”. Ele elogiou a defesa do meio ambiente feita por Dom Azcona na Amazônia oriental. O reitor da UPNA, Ramón Gonzalo, narrou a biografia do bispo.

“Aqueles que estão na luta e no combate pelos direitos humanos têm que amar a humanidade acima dos partidos, acima das ideologias”, pontuou Dom José Luis Azcona, após receber o Prêmio Internacional Jaime Brunet 2021. O navarro, nascido em Pamplona há 82 anos, foi ordenado padre em Roma, no ano de 1963. “O início e o fim de uma sociedade humana, de uma família, é defender sempre a verdade, a liberdade e a justiça, os três pilares necessários para a paz”, salientou o sacerdote, que também relatou a perseguição àqueles que enfrentam a injustiça, as ameaças de morte que recebeu em 2007 e o assassinato de pessoas que lutam em prol dos direitos humanos.  Dom Azcona revelou que quando chegou ao Marajó sentia medo, dúvidas e passava muito tempo rezando, até que um dia ouviu uma voz dentro de si que lhe disse: “Não te enviei para ser um bom bispo, mas para ser um bom pastor. E um bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas”.

“Que honra cantar na cerimônia do Prêmio Jaime Brunet de Direitos Humanos, na Universidade de Navarra, que também agraciou três investigadoras por seus trabalhos acadêmicos, além do bispo emérito do Marajó, Dom José Azcona Hermoso, um navarro de alma marajoara a quem eu tenho a felicidade de ter em minha vida, e que seu trabalho contra o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, o tráfico humano, a violência contra mulher, e tudo o que se refere à dignidade humana e aos direitos básicos de todas as pessoas é da maior importância e um alicerce para o Marajó. Também muito feliz de saber que o povo de Pamplona e do pueblo Di Castillo, onde D. Azcona nasceu, são extremamente preocupados e comprometidos com o Marajó, para onde mandam doações das arrecadações que fazem em vendas durante festas populares, por exemplo. E assim o mundo se une através do amor e da solidariedade. Como ele diz, “valeu”, declarou Gabriella Florenzano, que é doutoranda na Universidade Católica do Porto, em Portugal, e foi à Espanha especialmente para o evento.

A Fundação Jaime Brunet reconhece pessoas, entidades ou instituições que trabalham na defesa e promoção dos direitos humanos. No ato institucional, os Prêmios Universitários Jaime Brunet para os Direitos Humanos e Cooperação para o Desenvolvimento foram também atribuídos a alunos da Universidade Pública de Navarra (UPNA). Nesta categoria, Mayra Ayesa Larumbe, Ainara Sánchez Liceaga e Maite Espinal Caminos foram agraciados. O Prêmio de Tese Brunet 2021 também foi concedido a Isabel Bravo Barahona, por seu trabalho sobre refugiados.

As mulheres distinguidas pelo seu trabalho acadêmico tinham um “desejo comum”: a eliminação das barreiras e a procura da unidade, declarou Isabel Bravo Barahona. Arquiteta e pesquisadora, ela afirmou em seu discurso que “a presença de refugiados é um enriquecimento e não uma ameaça”. Durante o doutorado, concluído na Universidade de Alcalá, Barahona estudou a integração urbana dos requerentes de asilo, uma análise que culminou na obra ‘Políticas de Habitabilidade do ACNUR: Dos Refugiados nos Campos à Integração Urbana (1950-2019)’, na qual ela sustenta que os preconceitos se confrontam com o conhecimento.

A linha de investigação de Ayesa, licenciada em Administração de Empresas e Direito pela UPNA, também se concentrou na situação dos saharauis, e é intitulada “Protecção dos direitos das minorias e protecção dos direitos humanos: o caso do Sahara Ocidental ‘. Os outros dois estudos correspondem a projetos de final de ano em Educação Infantil da UPNA. Espinal foi premiado por ‘Sistemas de Comunicação Aumentativa e Alternativa (SAAC) através de linguagem natural assistida para uma menina que sofre de uma doença rara’. Sánchez abordou o déficit no uso do basco em ‘ reforço linguístico do basco, para alunos do modelo D em situação sociocultural fraca’. Os três vão dividir o prêmio em dinheiro, no valor de 2 mil euros.

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