O desfile escolar no município de Santa Izabel do Pará, nesta quarta-feira, 6, causou grande alvoroço durante a apresentação da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Miguel. É que a escola prestou homenagem à educação e à cultura no distrito de Americano, intitulada “Uma história de resistência”, com pelotão trajando uniformes de prisioneiros e faixas listradas na horizontal com a frase “Americano não tem grades, tem cultura!”, promovendo reflexão sobre a cicatriz da violência e do cárcere, e enfatizando a educação como um instrumento de ressocialização. Em seguida os alunos tiraram os uniformes de presidiários e fizeram uma performance sobre a farinha de tapioca. Os professores explicaram que a comunidade tem muito a oferecer, e que fazem no ambiente escolar esse trabalho de educação para a cidadania. “É preciso acreditar nos nossos jovens, acreditar na educação como projeto de vida, seguir com arte e cultura”, disse uma professora, através de microfone. Mesmo assim, pessoas desavisadas entenderam que se tratava de homenagem ao crime e a presos e criticaram a escola, causando mal-estar.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Galeno, defendeu o projeto pedagógico e frisou que a intenção da escola era quebrar paradigmas e preconceitos, mostrar que o distrito de Americano não se resume ao complexo penitenciário (o maior do Pará, com nove unidades e milhares de presos), e que a evolução do sistema penal, que agora conta com fábricas de panificação, de roupas, sandálias e até de bloquetes, onde os custodiados trabalham, oferece oportunidades e isso é, de fato, a ressocialização, uma nova chance de resgate de cidadania. Destacou, ainda, que o distrito de Americano é terra de povo trabalhador e símbolo de cultura e turismo ecológico por ser considerado terra das águas e da farinha de tapioca, que gera emprego e renda na região.
Recentemente, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) iniciou processo de criação de um pólo produtivo dentro do complexo penitenciário de Americano. A implantação da Zona Econômica de Santa Izabel do Pará (ZESI) objetiva fazer com que as pessoas privadas de liberdade tenham oportunidades de qualificação profissional e de serem contratadas por empresas que queiram instalar suas estruturas fabris nos terrenos do complexo, a serem cedidos pelo Estado do Pará.
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