A empresa de navegação Lloyd Brasileiro tinha uma linha Buenos Aires – Manaus, com escala obrigatória em Santarém, onde a embarcação permanecia por cerca de 2 dias, para carregamento de madeira, algodão e outros produtos. E, nos navios, havia sempre um conjunto típico que tocava tangos argentinos, constituído de violino, piano, bandoneón – que conhecemos como acordeão ou sanfona.
O maestro Wilson Fonseca gostava de ir a bordo daqueles navios, conduzido por uma catraia, a fim de assistir a execução daquela música, tida como excêntrica na época. Quase sempre obtinha dos músicos uma cópia das partituras, geralmente quando o navio retornava de Manaus, porque não havia a facilidade de fotocópias. Um dia, Isoca resolveu compor também um tango naquele estilo. Não um tango-brasileiro, como assim chamava Ernesto Nazareth para os maxixes que compunha. Era mesmo um tango-argentino, que o Dr. Silvério Sirotheau Corrêa, saudoso advogado santareno, ao viajar num desses navios, teve a satisfação de ouvir o conjunto tocar.
Com Felisbelo Sussuarana houve um fato curioso, em 1936. Isoca costumava remeter-lhe o esquema, inclusive a métrica, para que ele fizesse a letra sobre música já composta, dando-lhe o tema e até o título. Em certa ocasião, o maestro não encontrou o título para um tango e pôs no papel uma simples interrogação. Ele, então, devolveu o material com uma linda letra sob o título de “Interrogação“.
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