A Inteligência Artificial (IA), entre tantos usos polêmicos, possui excelente potencial de inovação para áreas como saúde, educação e indústria, mas também pelo seu papel evolutivo na vida de indivíduos com deficiência (PcDs). Ao produzir ferramentas que garantem a acessibilidade digital e física, a IA supera barreiras e oferece mais autonomia, inclusão e qualidade de vida a milhões de pessoas em todo o mundo.
Com o desenvolvimento de algoritmos avançados, visão computacional e aprendizado de máquina, as soluções baseadas em IA são cada vez mais personalizadas, respondendo às necessidades exclusivas de cada usuário. Esta revolução tecnológica facilita o dia a dia dos PcDs e proporciona acesso a um envolvimento mais ativo e independente na sociedade.
Um exemplo incrível de como a IA pode ser inovadora para proporcionar inclusão é um projeto que foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF). Alvo de crianças e jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o projeto utiliza jogos virtuais que estimulam comunicação, aprendizado e expressão por meio de recursos sensoriais, tais como visão, audição e tato. A IA está inserida no sistema para avaliar o desempenho das crianças nas atividades, fornecendo informações úteis para fonoaudiólogos, educadores e psicopedagogos que acompanham o processo de desenvolvimento dos participantes. O projeto, que atende crianças de 2 a 13 anos no campus da UFF em Volta Redonda, é um exemplo de como a tecnologia pode ser aliada da educação inclusiva.
Para os cegos, a IA também provou ser altamente benéfica. O “Dorina IA”, por exemplo, é um aplicativo que auxilia na leitura e compreensão de textos e imagens, tornando o conteúdo digital acessível a cegos ou deficientes visuais. Enquanto isso, o aplicativo “Be My Eyes” utiliza inteligência humana e artificial para prestar ajuda em tempo real. Por meio de videochamadas, os voluntários levam os deficientes visuais a reconhecer objetos, ler suas etiquetas, navegar pelas salas e até ler materiais escritos. Em 2020, a plataforma recebeu um impulso ainda mais poderoso: o “Be My Eyes AI”, um assistente digital que utiliza visão computacional e aprendizado de máquina para fornecer respostas automatizadas e precisas.
André Naves, Defensor Público Federal e especialista em Inclusão Social e Direitos Humanos, destaca a relevância dessas ferramentas: “A combinação de assistentes humanos e IA é uma solução rápida e eficaz para quem tem deficiência visual. Ajuda muito nas tarefas diárias, que seriam desafiadoras sem assistência. É maravilhoso ver como a tecnologia está transformando vidas.”
Uma coleção de outras tecnologias baseadas em IA está mudando dia a dia de PcDs. Leitores de tela, como JAWS e NVDA, emitem texto digital em voz alta ou em Braille, tornando sites, aplicativos e documentos mais acessíveis a pessoas cegas ou com visão parcial. A IA os aprimora, permitindo que sejam mais precisos na leitura de informações visuais, como imagens e tabelas. E já existem os assistentes virtuais, como Google Assistant e Siri, e os softwares, como Dragon NaturallySpeaking, que permitem que indivíduos com deficiência motora ou problemas de digitação se comuniquem com os dispositivos por meio de comandos de voz, desde a transcrição de texto até o controle. os dispositivos inteligentes.
Outras alternativas incluem softwares de tradução de linguagem de sinais, como SignAll e Enable Talk, que permitem que pessoas surdas e ouvintes se comuniquem com mais naturalidade e precisão. Para os surdos, o Otter.ai e o Google Live Transcribe usam IA para interpretar a fala em texto em tempo real, permitindo-lhes participar de conversas e reuniões. Além disso, robôs e exoesqueletos assistivos, como ReWalk e Ekso Bionics, permitem que indivíduos com deficiência motora caminhem ou se movam, melhorando sua mobilidade e qualidade de vida. Por fim, ferramentas como CogniFit e BrainHQ oferecem exercícios adaptativos para exercitar as habilidades cognitivas, ajudando a melhorar a memória, a atenção e o raciocínio em indivíduos com deficiência intelectual ou distúrbios neurológicos.
A IA está, irrefutavelmente, redefinindo as fronteiras do possível. Seu uso de forma responsável traz soluções que estimulam a autonomia, a aprendizagem e a integração social aos PcDs, tornando o mundo mais acessível e desempenhando um papel determinante na construção de uma sociedade mais inclusiva e justa para todos.
Comentários