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A 12ª rodada do campeonato trouxe emoções distintas para as torcidas paraenses. Na sexta-feira (13), o Paysandu finalmente conseguiu sua primeira vitória na competição, derrotando o Botafogo-SP por 1 a 0, com um gol salvador de Leandro Vilela aos 45 minutos do segundo tempo. Já o Remo, que vinha embalado na Série B, sofreu sua segunda derrota na competição, ao perder de virada para o Athletico-PR, em Curitiba, por 2 a 1, no sábado (14). Com isso, a próxima rodada reserva um RE X PA com ingredientes renovados: um Paysandu que ensaia reação e um Remo que tenta reencontrar seu equilíbrio.

O triunfo bicolor teve ares dramáticos. Na Curuzu, sob chuva persistente e em meio a uma crise técnica e emocional, o Paysandu encontrou forças para segurar o Botafogo-SP e buscar a vitória no apagar das luzes. Foi um alívio que veio com suor e insistência, selado por um chute certeiro de seu principal volante – Leandro Vilela. A bola na rede não apenas garantiu os três pontos, mas também um alento para um clube que ainda ocupa a lanterna da competição. No dia seguinte à vitória do Papão, o Atlhetic-MG venceu o Operário e voltou a ocupar a décima-nona colocação na tabela.

A estreia do técnico Claudinei Oliveira foi fundamental nesse resultado. Conhecido pelo estilo pragmático e organizado, o novo comandante já deu sinais de que pode ser a peça necessária para um recomeço bicolor. O desafio do Paysandu, após 11 rodadas tenebrosas e da falta de planejamento para a competição, é gigantesco – mas ainda bem palpável. A chegada de reforços parece ter renovado o ânimo interno e externo – destaque-se a participação de quatro jogadores: o zagueiro Thalisson, o meia Denner e os atacantes Garcez e Diogo Oliveira. O elenco, embora ainda limitado em termos de opções, começa a ganhar corpo e tende a ganhar confiança com a sequêncai da competição.

O apoio da torcida também merece destaque. Mesmo com todos os fatores desanimadores, mais de 10 mil torcedores marcaram presença na casa do Paysandu na sombria sexta-feira – uma sexta-feira 13, aliás. Foi uma demonstração de amor e resiliência, que pode ser combustível importante para uma reação mais duradoura. O Paysandu, ainda que siga pressionado, enfim tem um caminho de esperança para se agarrar. A Fiel Bicolor segue sendo o principal trunfo do clube.

Do outro lado da avenida – e da história –está o Clube do Remo, que conheceu seu segundo revés na competição. A derrota para o Athletico, em Curitiba, por 2 a 1, expôs a dificuldade do time azulino em manter a consistência contra adversários de maior intensidade. O gol de Adailton deu esperança no início do confronto, mas o time acabou sendo “engolido” pelo volume de jogo da equipe paranaense, que virou o placar no final da partida, com Allan Kardec.

A saída do treinador Daniel Paulista, que optou em sair do Remo para assumir o Sport, na Série A, também mexeu com a estrutura azulina. Para seu lugar, o Remo anunciou o português António Oliveira, conhecido por passagens por clubes do Sul e Sudeste e pelo perfil tático mais ofensivo. A mudança de comando em meio à campanha levanta dúvidas, mas também pode oxigenar o grupo. Com apenas 5 pontos somados nos últimos 15 disputados, o Remo ainda se mantém no bloco de cima, mas precisa reencontrar o caminho das vitórias para seguir no G-4.

A campanha azulina até aqui é sólida e consistente. Apesar da oscilação recente, o clube tem mostrado postura competitiva e elenco qualificado – e muito caro – para brigar pelo acesso. A chegada de Oliveira indicará qual será a nova cara do Remo nesta fase de transição. Adaptar-se rapidamente ao estilo do novo técnico será essencial, especialmente com o clássico se aproximando.

E é exatamente o RE X PA que nos espera na próxima rodada. O clássico mais tradicional do país – e um dos maiores do mundo – ganha contornos especiais: será o duelo entre um Paysandu que busca consolidar sua recuperação e começar a “respirar” na tabela, contra um Remo que tenta se estabilizar após um revés e manter a perseguição ao G-4.

O favoritismo, neste momento, pende para o lado azulino – pelo desempenho acumulado e pela posição na tabela. Mas clássicos são sempre imprevisíveis. O que esperar do Re-Pa número 779?

Emoção, tensão e, talvez, novos caminhos para ambos.

Rodolfo Marques
Rodolfo Marques é professor universitário, jornalista e cientista político. Desde 2015, atua também como comentarista esportivo. É grande apreciador de futebol, tênis, vôlei, basquete e F-1.

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