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O cine Dira Paes, anexo do Palacete Pinho, na Cidade Velha, foi palco do primeiro Colóquio Memorial Bruno de Menezes do Modernismo Paraense, celebrando a instalação da Casa Bruno de Menezes em Belém, que resgata antiga promessa do prefeito Edmilson Rodrigues à família do poeta modernista. A curadoria do acervo é do professor doutor Paulo Nunes, professor titular da Unama e da Uepa, especialista em Modernismo na Literatura, Academia do Peixe Frito, Dalcídio Jurandir, literaturas das Amazônias, consultor do acervo do escritor Dalcídio Jurandir abrigado no Centro de Memória da Amazônia (UFPA); membro do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, consultor e parecerista de revistas acadêmicas e membro dos conselhos editoriais da Editora Paka-Tatu e da Pró-Reitoria de Extensão da UFPA. Ele mediou o Colóquio, reunindo escritores, professores e poetas regionais.

A mesa redonda com o tema “Bruno de Menezes, Literatura e Memórias do Modernismo no Pará” teve como expositores a professora doutora Josebel Akel Fares, editora da Revista Sentidos da Cultura e coordenadora o Grupo de pesquisa Culturas e Memórias Amazônicas(Cuma- Uepa), integrante do grupo Estudos de Narrativas na Amazônia (UFPA) e membro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras e Linguística, a bisneta de Bruno de Menezes, Camila Reis, e o professor doutor Marcos Valério Reis.

Especialista em Estudos Linguísticos e Literários, mestre e doutor em Comunicação, Linguagens e Cultura, professor de Literatura Brasileira, Afro-brasileira, Amazônica, Indígena e Teoria Literária no Centro Universitário Brasil Amazônia, Marcos Valério Reis é diretor da TV Nazaré, membro da Academia Paraense de Jornalismo e do IHGP, dos grupos de estudos Academia do Peixe Frito e Estudos Culturais da Amazônia, pesquisador dos movimentos literários na Amazônia e autor dos livros Bruno de Menezes: Entre Poéticas e Batuques e Guia prático para elaboração de projetos de pesquisa.

Em sua intervenção, Marcos Valério Reis traçou a trajetória de Bruno de Menezes e destacou sua preocupação com a condição dos escritores manterem suas obras, o olhar sensível do poeta para as classes desfavorecidas e a sua participação efetiva na construção do Modernismo Amazônico com a criação da Revista Belém Nova, em 1923. Enfatizou que a principal inovação do Modernismo Amazônico foi buscar um rosto amazônico para a Literatura. “Por isso, escritores como Bruno de Menezes e Abguar Bastos são importantes para a consolidação desse movimento. É importante acrescentar que mesmo antes da Semana de Arte Moderna de 1922 o Pará já discutia o Modernismo com a poesia “Arte Nova” do Bruno de Menezes. Abguar Bastos consolida essa ideia apresentando por meio do Romance Terra de Icamiabas a proposta estética amazônica para o Modernismo brasileiro”.

Para Paulo Nunes, o grande farol da literatura no Pará, na primeira metade do século XX, foi Bruno de Menezes. “Bruno é farol e espelho, reinventor da negritude na poesia brasileira a partir das periferias de Belém. Grande líder, jornalista, escritor e agitador cultural, ele, dentre outros, liderou a Academia dos Novos, depois renomeada por Dalcídio como Academia do Peixe Frito, que renovou as letras no Pará, a partir de 1823. Os acadêmicos do Peixe Frito foram revolucionários e inclusivos quando pautaram os pretos e os da periferia de Belém, renegados pela Belle Époque equatorial. A homenagem é mais que justa e preenche uma lacuna cultural pois Belém, como grande referência nacional do Modernismo Literário, não tinha um espaço para chamar de seu, agora tem: Memorial Bruno de Menezes do Modernismo Paraense, e um centro de cultura e arte-educação administrado pela Semec. A família de Bruno de Menezes doou o acervo do poeta para o memorial, e assim a casa de Bruno se refez.

O memorial BM é espaço de visitação e preservação de memória literária, ligado ao Núcleo de Formação e Arte-Educação da Semec. A partir da segunda quinzena de setembro serão promovidas atividades ao público em geral, sendo priorizados os estudantes da rede pública municipal.

O evento foi prestigiado pelo IHGP, por sua presidente, Anaíza Vergolino, a diretora Helena Dóris e pelo prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, que também integra o instituto. Bruno de Menezes (1894-1963), jornalista, etnógrafo, romancista, poeta, folclorista e militante político, autor de um dos principais livros de poesia paraense, “Batuque”, de 1931, está na genealogia do Instituto Histórico e Geográfico do Pará.

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