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Ainda que em um ritmo inferior ao de outras grandes cidades do Brasil, Belém está envelhecendo. No Pará, é a cidade que mais envelhece. Como estamos nos preparando? Ainda que os recursos sejam escassos, é preciso que o próximo prefeito planeje o futuro das pessoas idosas do município, aproveitando os serviços já existentes e criando um ambiente para a construção de parcerias. 

​Ainda que muitas sejam as estratégias possíveis, um bom caminho para organizar os esforços é aderir à Rede Global de Cidades e Comunidades Amigas da Pessoa Idosa da Organização Mundial de Saúde. Nada de outro mundo. O município vizinho de Benevides, por exemplo, recentemente deu o primeiro passo para se tornar membro da Rede. Mas quais seriam as vantagens?

​A resposta mais imediata são o networking e as parcerias abertas pela rede. Belém precisa se abrir às melhores práticas e às possibilidades de financiamento para lidar, ainda que minimamentecom seus problemas de arrecadação. Sem descuidar das soluções estruturais, é claro. Mas não só. 

​Ao aderir à rede e se tornar uma “cidade amiga da pessoa idosa”, a cidade se obriga, por exemplo, a avaliar suas políticas na área, a criar um comitê e a elaborar um plano de ação. Além disso, trata-se de uma oportunidade de envolver os atores sociais que já lutam pelos direitos da pessoa idosa na cidade. 

​Esses fatores reunidos podem levar uma cidade com poucos recursos a uma potencialização de serviços já existentes, que podem fazer toda a diferença na ponta. Qualificar serviços de atenção primária à saúde, combater o idadismo no serviço público e considerar a cidadania de pessoas idosas em obras e serviços públicos como diretriz, por exemplo, pode fazer toda a diferença na vida das pessoas. São todas medidas que começam e terminam com mudanças de mentalidade. 

​Naturalmente, isso não basta. Belém precisa promover o direito à convivência, à renda, à alimentação saudável, ao cuidado (inclusive domiciliar), à acessibilidade e à mobilidade da pessoa idosa. Tudo isso de forma integral e integrada. Mais que isso, precisa garantir o direito ao envelhecimento saudável. 

Para isso, dentre outras coisas, precisará contar, tanto quanto puder, com o apoio do Estado e da União. Fazer o dever de casa, no entanto, ainda que não seja condição suficiente, é condição necessária. Com a palavra, o próximo prefeito.

Carlos David Carneiro
Carlos David Carneiro é doutor em Direito pela Uerj e consultor legislativo da Câmara dos Deputados na área de Direitos Humanos.

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