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Vejam que linda iniciativa: para estimular o protagonismo dos estudantes e aprimorar habilidades, a Escola Estadual de Tempo Integral Visconde de Souza Franco, em Belém, desenvolve o “Clube de Música”, projeto que trabalha diversos temas e áreas utilizando os princípios da educação integral. Implementados em todas as escolas de tempo integral, os “clubes juvenis” têm resultado incrível. Já existe clube de dança, teatro, xadrez, debates, leitura, RPG, jornal da escola, clube de cinema, de sustentabilidade, de grafite e outros.

Sérgio Saraiva é o professor-padrinho do Clube de Música da Escola Visconde de Souza, apelidado “Banda Vibe”. “O projeto foi uma extensão da minha prática docente. Eu sempre usei a música nas minhas aulas, como ferramenta que acrescentava à minha metodologia na aprendizagem dos alunos. Mas eu não era professor de todas as turmas e acontecia que a porta da sala de aula ficava lotada de estudantes que queriam participar da aula por causa da música. Além disso, aqui na escola a gente tinha muitos estudantes com problemas de autolesão e eu percebi que até esse estudante que ficava sempre pelo canto e não queria interagir muito, participava. Foi aí que senti a necessidade de criar alguma coisa que pudesse abarcar um número maior de estudantes, além dos momentos das minhas aulas”, conta.

O projeto já tem dez violões acústicos e dois eletroacústicos, uma guitarra, um contrabaixo, um teclado, uma bateria eletrônica, microfones e o sistema de som com a mesa e caixas amplificadas, que funcionam na sala de música. Isso só foi possível quando a escola aderiu ao tempo integral, como explica Sérgio: “A gente ainda não tinha toda essa estrutura que veio com o ensino de tempo integral. Com a entrada da matriz, que é da escola em tempo integral, foi possível pensar num projeto que abarcasse uma carga horária além da formação geral básica. E pudesse transversalizar as outras áreas de conhecimento e os demais estudantes. E aí, assim, surgiu o projeto que passou a se chamar, no primeiro momento, ‘Caminhando e Cantando’, porque era essa ideia de a gente começar a construir uma caminhada dentro da escola a partir da música. E depois, passou a se chamar ‘Reflexões Musicais, Identidade e Diversidade”. E com essa atualização da matriz curricular, ele continua indiretamente tendo essa identidade de refletir, para que os alunos se identifiquem enquanto sujeitos socioculturais, mas funciona hoje como Clube de Protagonismo Juvenil. Tem um clube de teatro, tem um clube de dança e tem um clube de música. Então, dentro dessa nova matriz, ele se encaixa nessa perspectiva de clube de música, que é um espaço para o aluno desenvolver os talentos que ele tem, seja o tocar, seja o cantar, seja o interagir, é um momento de socialização”, comenta.

A “Banda Vibe” conta com 29 integrantes e já recebe convites para apresentações em eventos em outras escolas e nacionais, como por exemplo, o lançamento do Programa Pé de Meia, do MEC, em Belém.

O projeto permite experiências importantes para a vida escolar e pessoal dos estudantes. “Jovens saíram da condição de se auto lesionar e foram ser vocalistas nas apresentações que a gente faz. No início, eles começam meio acanhados, no cantinho, depois vão se soltando e vão dar entrevista e vão cantar no Hangar, por exemplo, e a gente percebe isso que é algo incrível alcançado através do projeto; afinal, não adianta ele ter as habilidades cognitivas, acadêmicas, muito desenvolvidas, mas a questão socioemocional e de interação serem muito limitadas, e a questão da música e da arte possibilita isso. Tenho a sensação de que a gente está no caminho certo. Já saímos de um contexto de desânimo lá atrás, porque às vezes acontece de a gente olhar e saber qual potencial o projeto tem para transformar a vida desses jovens e olhar para o lado e não ver muita perspectiva, mas a gente se sente feliz por não ter desistido, por ter insistido e ver que hoje temos uma estrutura que permite a fazer um belo trabalho. É um projeto que dá frutos. O Clube de Música vai marcar a vida deles”, conta Sérgio Saraiva.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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