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Concebida para marcar o Grande Terremoto e Tsunami ocorridos em 11 de março de 2011 na região nordeste do Japão, a mostra das artes e artesanato de Tohoku, que engloba seis províncias: Aomori, Akita, Iwate, Miyagi, Yamagata e Fukushima, abre neste dia 23 de março no Museu de Arte Sacra, promovida pelo Consulado do Japão em Belém e a Fundação Japão, em parceria com o Governo do Estado do Pará, via Sistema Integrado de Museus e Memoriais e Museu de Arte Sacra.

São 70 obras em cerâmica, laca, têxtil, metal, madeira e bambu, entre outros materiais, que já foram expostas no Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e Manaus e, depois de Belém, viajarão para Recife, onde se encerrará a exposição.

O cônsul principal do Japão em Belém, Satoshi Morita, convida todos para que a prestigiem, lembrando que “essa região do nordeste do Japão é conhecida por suas belas paisagens montanhosas e marítimas e tem cultura riquíssima, que poderá ser conhecida através dessas obras de diversos gêneros do cotidiano.

A arte popular de Tohoku permite apreciar a “beleza do útil”, do Movimento Mingei, surgido no Japão em 1926, do qual são expoentes artistas como Kanjiro Kawai, Shoji Hamada, Keisuke Serizawa e Shiko Munakata, liderados por Soetsu Yanagi.

No Japão existem vários tipos de cestos, caixas e equipamentos agrícolas feitos de cascas de árvores e videiras. Usando bambu, ramos da parreira e akebi (Akebia quinata), moradores das regiões nevadas de Tohoku participam da prática sazonal de trançar cestos e caixas, recipientes extremamente funcionais para o dia a dia, durante o período de inverno.

A cerâmica japonesa é singular e de uso especial. Os objetos na mostra de Tohoku são desde obras antigas, assadas em fornos estabelecidos no período Edo, até trabalhos originais criados por artistas mais recentes.

Kogin é um tipo de ponto de bordado passado de geração em geração no distrito de Tsugaru, província de Aomori. Originalmente era o nome dado para as roupas de trabalho daquela região. Basicamente, trata-se de um tecido de cânhamo, tingido de índigo e reforçado com pespontos de algodão branco. Durante o período Edo, foram editadas leis suntuárias dirigidas a camponeses e agricultores, que lhes permitiam usar apenas quimonos de cânhamo e não de algodão. Mas os quimonos feitos de fibras cruas de cânhamo não eram adequados aos invernos rigorosos de Tohoku. Assim, os fios de algodão se tornaram disponíveis e agricultores locais passaram a reforçar os tecidos com pontos densos, que os protegiam do frio inclemente.

Embora o número de técnicas de tingimento e tecelagem em Tohoku seja limitado em comparação com locais mais desenvolvidos da indústria têxtil japonesa como Kyoto ( a antiga capital do Japão), a cultura de tecelagem de Tohoku é única. O tecido Akita Hachijo (seda com tingimento natural) da província de Akita e as técnicas de tingimento artesanal Tsuru-gaki da província de Fukushima – ambos presentes nesta exposição – são exclusivas da região.

Já a técnica aplicada na casca de madeira é conhecida pela beleza das superfícies lisas e pelo aroma natural do cedro de Akita, que é extremamente resistente. Kaba-zaiku é um produto famoso de Katsunodate, na província de Akita, onde a casca das cerejeiras das áreas montanhosas é aplicada a um substrato de madeira chamado Mokutai.

Há tempos, a região de Tohoku é conhecida especialmente pelas fundições em metal, representadas por bules e sinos de vento, feitos de ferro e conhecidos como Nambu-tekki (utensílios de ferro Nambu) e Yamagata-imono (fundição Yamagata). O nome Nambu vem do poderoso clã de samurais da região de Nambu, em Tohoku, que comandou o lugar durante o período Edo. O estilo Arare-gama, ao qual remontam as chaleiras de ferro fundido, tem esse nome por causa do padrão simétrico formado por saliências que lembram Arare (pedra de granizo).

A boneca Kokeshi, as pipas, os bonecos ritualísticos e as velas decoradas (E-rosoku) são produtos únicos da região de Tohoku. Não apenas pelo seu formato, mas também pelas pinturas decorativas – como a da deusa da beleza (Kisshoten) na pipa – que servem como motivos auspiciosos que exprimem orações pela segurança, felicidade e prosperidade das pessoas.

Peças e utensílios laqueados são produzidos em toda a Ásia desde a Antiguidade. Na era moderna, no entanto, o trabalho refinado com laca tornou-se uma arte tão associada ao Japão que passou a ser chamado de “Japan” em todo o mundo. As peças laqueadas Joboji preservam e transmitem para as gerações seguintes um método tradicional de coletar a seiva da laca, conhecido como “Urushi-kaki”, de forma a não danificar as árvores ancestrais.

No dia 24 de março, a partir das 16h, paralelamente à exposição “A beleza do artesanato de Tohoku”, será proferida palestra pelo professor Dr. Afonso Medeiros. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, professor titular de Estética e História da Arte do ICA/UFPA, Afonso pesquisou a arte japonesa em seu curso de especialização em História da Arte pelo Teacher’s Training Program e no mestrado em Ciência da Educação/Arte-educação na Universidade de Shizuoka – Japão, ambos por meio das bolsas de estudo MEXT (Ministério da Educação, Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia) do Governo do Japão.

Serviço:
Exposição “A Beleza do Artesanato de Tohoku – Japão”
Onde: Museu de Arte Sacra (Praça Frei Caetano Brandão, Cidade Velha)
Quando: 23 de março a 24 de abril de 2022
Horário de visitação: de terça-feira a domingo, de 9h às 17h

Palestra “Japão: Entre Arte e Artesania” – Prof. Dr. Afonso Medeiros
Quando: 24 de março, às 16h

Oficina “Artesanato e Origami” – Prof.ª Rosa Kamada
Quando: 26 de março, às 10h

Agendamento para escolas: 91-4009-8695 ou e-mail: simm.educacao@gmail.com

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