O Itaú Cultural e a Fundação Tide Setubal realizam na terça-feira, 12, o seminário Ancestralidades: desafios ambientais e raciais, programação presencial e on-line, dedicada à reflexão racismo ambiental e justiça climática. O encontro, que reúne duas mesas com ativistas filósofos, sociólogos, jornalistas, arquitetos e museólogos, conta, ainda, com a premiação de 12 pesquisas acadêmicas de pessoas negras e indígenas de dez estados do país, selecionadas no Programa Ancestralidades de Valorização à Pesquisa – Meio Ambiente e Raça, chamamento da plataforma sobre o assunto. A entrega será feita pela escritora Ana Maria Gonçalves e a filósofa Sueli Carneiro, e será encerrada por um pocket show da cantora Kaê Guajajara.
Entre os projetos premiados está Marcha das mulheres negras amazônidas: dimensões interseccionais na comunicação ativista em tempos de pandemia, de Flávia Andrea Sepeda Ribeiro, de Ananindeua (PA). Invisibilizadas na historiografia oficial, as mulheres negras vêm elaborando estratégias para mostrar que a história única (Adichie, 2019) é uma história escrita por mãos brancas (Nascimento, 2021) e também uma história que tem a colonialidade (Quijano, 2005) como pano de fundo. No mesmo fluxo, a Amazônia tem sido subalternizada (Loureiro, 2019) e estereotipada ante o imaginário social nacional. A partir desse contexto, a pesquisa analisa a Marcha Virtual das Mulheres Negras, que foi realizada em 25 de julho de 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19. O evento foi mobilizado, divulgado e realizado por meio das redes digitais, reunindo mulheres negras ativistas de oito estados da Amazônia Legal. Os procedimentos metodológicos adotados são a Roleta Interseccional (Carrera, 2021), que aproxima a interseccionalidade ao campo da Comunicação, e a Escrevivência (Evaristo, 2020) que permite a inserção na pesquisa, ativando a memória para contar uma história que não pode ser invisibilizada. Por meio do aporte e das metodologias acionadas se compreende que as mulheres negras amazônidas compartilham e politizam de uma identidade regional; que são norteadas pelo pensamento feminista negro, isto é, valorizam saberes de lideranças comunitárias e religiosas e que a marcha aciona diversas dimensões interseccionais. A pesquisa é apresentada como parte da estratégia das mulheres negras amazônidas para se marcarem como protagonistas e sujeitas de suas histórias.
A programação terá transmissão pelo YouTube do Itaú Cultural e é é ligada à plataforma Ancestralidades, ação realizada em parceria pelo Itaú Cultural e a Fundação Tide Setubal. A plataforma tem como proposta difundir, gerar intercâmbios e potencializar conteúdos sobre a temática.
A premiada Flávia Andrea. Foto Sepeda Ribeiro
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