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Lamentamos informar
que o jornalista e escritor Francisco Sidou, membro fundador da Academia Paraense de Jornalismo, se foi. Estava passeando em Ponta de Pedras, município do Marajó, quando passou mal. Seu corpo está sendo velado na Assembleia de Deus em Batista Campos, na Rua Padre Eutíquio, 2098, com cerimônia fúnebre às 19h, e será sepultado neste domingo, às 10h, no cemitério de Santa Isabel.

Rebelde e irreverente, Francisco Sidou era jornalista formado nas redações. Sempre provocativo, perdia amigo mas não continha comentários ácidos, proferidos de modo contundente, o que lhe valeu um bocado de encrencas.

Aos 14 anos, editava jornal com o sugestivo nome “O Linguarudo”, no colégio São José, em Cruzeiro do Sul (AC), não por acaso fechado pela direção. Começou cedo na profissão, aos 18 anos, como estagiário no Jornal do Dia. Depois, em A Província do Pará, foi revisor, redator de Política e repórter setorialista na Câmara Municipal de Belém e na Assembleia Legislativa. Quando surgiu o Curso de Jornalismo já tinha o registro profissional. É graduado em Psicologia, que nunca exerceu.

Sidou atuou em várias frentes do jornalismo e também foi moldado pelas lides sindicais, o que acentuou seu tom polêmico. Concursado no Banco da Amazônia, exerceu Assessoria de Comunicação no Basa, na Casf e na extinta Seidurb, do Governo do Pará. Também trabalhou na redação da Rádio Clube do Pará, a icônica PRC-5. Foi, ainda, repórter e redator correspondente da Agência de Notícias Asapress. Nessa época, sua postura combativa e sarcástica quase resultou em prisão. Em plena ditadura militar, foi representar a Asapress no programa “Mesa Redonda”, conduzido pelo próprio dono da TV Guajará, Lopo de Castro, político importante, deputado federal e prefeito de Belém. Era o mais jovem da bancada, em meio a “feras” da imprensa parauara. O entrevistado era um general da reserva do Exército, superintendente da Sudam. Sidou acessara dados econômicos sobre os projetos e constatara que 60% de todos os recursos haviam sido destinados a empresas de refrigerantes no Amazonas. Então formulou a primeira pergunta, que também foi a última da entrevista: “General, pelo visto a Sudam está financiando uma indústria de água com açúcar na região e não promovendo indústrias de base e fomento. O que acha disso?”. O general deu um murro que quebrou a mesa do dono da emissora e o programa foi tirado do ar. Sidou perdeu o emprego na Asapress, ganhou ficha de comunista no SNI e ficou dez anos sem exercer função comissionada.

Em 1984 publicou em O Liberal artigo virulento contra o Detran-PA, que obrigava a aquisição de adesivo no licenciamento anual dos veículos. Não comprou nem usou e aguardou ser multado. Então ajuizou Ação Popular e ganhou a causa. Logo sua foto saiu em todos os noticiosos de Belém e até no Jornal Hoje da Globo. Virou celebridade. Recebeu convites de partidos políticos que queriam lançá-lo candidato a vereador, todos recusados. Mas uma noite atiraram no carro de Sidou na garagem de sua casa, ameaçando o próximo tiro no trânsito. A família mudou para novo endereço, em apartamento. Sidou passou a usar ônibus e a pegar carona à noite quando voltava da UFPA.

Membro do Conselho da Cidadania de Belém, Sidou ultimamente usava a mídia digital para os seus fervorosos debates futebolísticos e artigos e crônicas.

Na foto, Sidou com Cláudio Guimarães, Denis Cavalcante, Franssinete Florenzano, Octávio Pessoa e Antônio Praxedes, membros da APJ, no lançamento de seu último livro, “Meros Toques de um Jornalista Cidadão”, no Palacete Bolonha.

Paz à sua alma e que Deus conforte sua família!

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