Dia de festa na comunidade de Cuxipiari Carmo, no município de Cametá(PA), marcando a abertura da pesca de mapará, o peixe mais apreciado nas bandas do baixo Tocantins, uma das regiões de colonização mais antigas do estado do Pará, constituída por seis municípios – Abaetetuba, Igarapé Miri, Limoeiro do Ajuru, Cametá, Mocajuba e Baião. O governador Helder Barbalho e a vice-governadora Hana Ghassan, o secretário de Articulação para a Cidadania, Igor Normando, o prefeito Victor Cassiano e outras autoridades participaram do ato simbólico, tradição local.
“Temos que destacar a importância que a atividade pesqueira tem para a economia da região, para a segurança alimentar e valorizar que após o defeso, após o respeito ao período da reprodução, está liberada a pesca, está liberado o consumo, garantindo oferta do pescado e oportunidade de renda para quem atua em uma área tão importante”, declarou o governador, que todos os anos prestigia a festa.
A colônia de pescadores da Comunidade Rio Cuxipiari Carmo, com 240 integrantes, gosta de ofertar peixes a toda a população, nesse dia especial de muita fartura, que já é declarado patrimônio cultural e faz parte do calendário oficial de eventos do município. O defeso começa em 1º de novembro e encerra em 1º de março. Nesses quatro meses, é proibida a pesca, por ser período de reprodução das espécies. Através de acordos, os próprios moradores das comunidades fiscalizam os rios, com apoio das Secretarias da Pesca e do Meio Ambiente.
A estratégia cabocla para fisgar cardumes de maparás envolve um ritual. Em silêncio, os barcos se espalham para estender a armadilha rapidamente e evitar que os peixes escapem. Os “taleiros”, com uma vara de aproximadamente três metros de comprimento e sentados nas proas dos cascos, fazem uma espécie de sondagem ao afundar a vara no rio. Sentem as vibrações dos cardumes e assim são capazes de identificar a direção e a quantidade de peixes no local. A grande rede é jogada no rio, e então entram em cena os mergulhadores, que imergem por baixo dos cardumes e costuram a rede com cordas, formando uma espécie de saco, onde os peixes ficam presos. Logo em seguida, os taleiros formam filas e batem na água com as varas, fazendo com que os peixes sigam em direção à rede. Depois que a armadilha é fechada, as embarcações se juntam e os pescadores bloqueiam a saída dos peixes, formando um grande círculo, é o chamado “borqueio”.
Ao puxarem as cordas, a rede vem à tona, trazendo os cardumes, que afloram na superfície do rio e aí os pescadores fazem a coleta do mapará, enchendo os paneiros das embarcações. A partir daí o pescado é dividido entre os moradores da comunidade e todos retornam às suas casas.
Cametá é território onde vivem quilombolas, extrativistas, povos das águas e da floresta, populações urbanas e rurais, campesinas e ribeirinhas. Homens e mulheres são inevitavelmente ligados ao mundo da pesca artesanal, extração de recursos da floresta, agricultura de várzea, vivem e trabalham em ambientes na beira de rios, furos e igarapés.
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