Publicado em: 15 de junho de 2025
Semana passada, 09/06, assisti a uma live em homenagem à cidade de Lídice, República Tcheca, tendo como comentaristas a Embaixadora dessa Nação no Brasil, Pavla Havrlíková, os escritores, Maria Luiza Malina, Salus Loch e o comunicador Daniel Rosa, sobre a tragédia de Lídice, cidade tcheca, ocorrida em 1942 durante o domínio Nazista.
Lembrei do dia em que conheci Lídice, atraído pela famosa história da “Operação Antropoide” em que aviadores tchecos treinados na Inglaterra, cessaram os desmandos do representante de Hitler em Praga, Reinhard Heydrich, o famoso “açougueiro” do nazismo.
Heydrich foi nomeado por Hitler como Reichsprotektor, para o Protetorado da Boêmia e Morávia com sede em Praga, para administrar com poderes, principalmente, de deportações de pessoas para campos de concentração e extermínio. Foi diretamente responsável pelo Einsatzgruppen, grupos de intervenções especiais, que executou mais de dois milhões de pessoas, incluindo 1,3 milhões de judeus.
Em uma emboscada no dia 27 de maio de 1942, os aviadores, à paisana, surpreenderam o oficial com uma granada e tiros que falharam, causando a sua morte sete dias depois, por infecção generalizada dos estilhaços.
Por esse atentado contra seu representante em Praga e responsável pela “Solução Final”, Hitler mandou destruir completamente a cidade, ordenando o massacre de 340 habitantes, 60 mulheres e mais de 80 crianças. Em seguida mandou salgar a terra e desviar o curso de um rio, alterando a geografia da cidade. Pelas mesmas razões, arrasou, igualmente, a cidade de Ležáky, localizada a leste de Praga, executando todos os seus habitantes.
Tirei aquele dia friorento e cinzento, sugerido pelo amigo tcheco Thomas, guiado pela minha incansável descobridora de rotas históricas, Ana Paula Malato, para visitar essas duas cidades arrasadas.
A temperatura abaixo de zero não me impediu de descer o pórtico para contemplar as pequeninhas estátuas de bronze das criancinhas mortas pela bestialidade nazista. Naquele silencio sepulcral e entre os ventos gélidos que me traziam o frescor dos pinheirais, aquelas imagens pareciam murmurar a inocência e a curiosidade na brusca alteração dos seus destinos.
Os nazistas ocuparam o território tcheco de 1939 até 1945, período que durou a Segunda Guerra Mundial e muitas atrocidades ainda foram cometidas contra seus habitantes. Depois dos nazistas, foram dominados pelos comunistas por 41 anos, de 1948 a 1989, sendo expulsos pela não agressiva Revolução de Veludo, liderada pelo escritor e depois Presidente da República, Václav Havel. O país voltou a ser uma república democrática dividindo-se entre República Tcheca, capital Praga e Eslováquia, capital Bratislava.
Hitler ainda arrasou várias cidades, entre essas Varsóvia, capital da Polônia, só não destruindo Praga em razão de seus interesses pessoais exercidos através do protetorado.
Antes da 1ª Guerra Mundial, 1914 a 1918, Kafka iniciou seus diários que integram sua enigmática obra sobre a natureza humana que a 2ª Guerra Mundial, 1939 – 1945, banalizou. As cidades arrasadas de Lídice e Ležáky voltaram a ser erguer, o nazismo foi derrotado e a humanidade ainda luta para se fazer compreender.
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