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A soledade do antigo cemitério localizado na Avenida Serzedelo Correa vem ficando cada vez mais no passado, pois atualmente ostenta o lindo trabalho de restauração executado pelo Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação, da Universidade Federal do Pará, estando mais para um verdadeiro parque, ou museu, como costumo falar.

Inaugurado em 1850 e desativado por muitos e muitos anos, agora tornou-se um oásis encravado entre duas avenidas com grande tráfego de ônibus. Sinto falta de um café por ali, e já deixo como sugestão.

O mesmo não pode ser dito em relação aos animais que ali vivem, ou sentido pelos mesmos, pois passaram a ser tratados como um “problema” para o poder público que, na ânsia de cuidar do patrimônio material, não pensou previamente no imaterial que é a vida dos que ali viviam e ainda vivem.

Na soledade de terem sido desabrigados, enxotados e ignorados de diversas formas, os diversos gatos que historicamente têm aquele ambiente como seu lar foram sendo movidos e retirados para dar espaço aos trabalhos.

É cansativo ficar sempre reafirmando que o poder público não deveria, e também não poderia iniciar suas obras, projetos, reformas, quaisquer atividades passando por cima de direitos fundamentais e de sua obrigação de preservar as espécies da fauna e da flora.

A situação que ali se encontra é aquela: Ninguém admite que não se importa, mas a realidade é que os animais estão há meses sendo enxotados, sob a chuva torrencial ou o calor escaldante, não têm mais abrigos para viver, pois faziam dos mausoléus seus espaços, dado que são seres da natureza.

A Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB/PA atendeu as súplicas dos protetores que cuidam daqueles animais e tentou intermediar a situação, requerendo reunião propositiva com a SECULT, porém sem resultados práticos por parte do órgão, que apenas jogou o problema para o futuro e não cumpriu as promessas feitas, incluindo um espaço, ainda que simples, para que os animais pudessem ser abrigados e alimentados pela comunidade.

Será dado o próximo passo com o chamamento do Ministério Público do Estado para o cenário, e as tão cansativas medidas judiciais para que se faça o básico, respeitar a dignidade dos animais.

Aos animais humanos erguem-se os monumentos.

Aos não humanos apenas a soledade.

Albeniz Neto
  • Albeniz Neto é advogado, pós graduado em direito civil e atua na advocacia animalista desde 2017. Aualmente preside a Comissão de Defesa dos Direitos dos animais da OAB PA e é membro efetivo da Comissão Especial de Proteção e Defesa dos Animais na OAB Federal.

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