Na reta final da campanha eleitoral, a pesquisa do IPEC (TRE-PA nº 04424/2022) encomendada pela TV Liberal confirma que, para o governo do Pará, o cenário está definido e consolidado, apontando a vitória já no primeiro turno do governador recandidato Helder Barbalho (MDB), com 65% das intenções de voto, contra 13% de Zequinha Marinho (PL). Porém, na disputa pela única vaga no Senado não há favorito. Mario Couto (PL) aparece com 15%, Beto Faro (PT) 12%, Flexa Ribeiro (PP) 9%, Delegado Jardel (Podemos) 8%, Pioneiro (PSDB) 7%, Renata Fonseca (PRTB) 3%, Professor João Santiago (PSTU) e Sabbá (PMB) 2%, Gideon (PTB) e Paulo Castelo Branco (PROS), 1%. Em branco/nulo/nenhum: 14%, Não sabe: 27%. Ou seja: existe uma rejeição enorme à continuidade de nomes conhecidos.
Todas as pesquisas feitas até agora espelham esse cenário. A grande novidade é que a única mulher candidata a senadora é uma jovem policial civil, de família humilde, mãe de pré-adolescente e novata na política partidária. E apenas uma semana depois do lançamento de sua candidatura pelo PRTB, um partido considerado nanico, já tem 3% nas intenções de voto. Renata parece saída da música de Belchior: “sem dinheiro no banco, sem parentes importantes, e vinda do interior…” e talvez por isso mesmo seu nome venha ganhando espaço em meio a tantos que já estão há décadas em todas as disputas e que já foram senadores, como Flexa e Mário Couto, e prefeito e presidente da Alepa, como Pioneiro. Beto Faro, embora esteja há décadas na política, com mandato de deputado federal e ande por todo o Pará com o governador Helder Barbalho, não consegue atrair as adesões esperadas.
O panorama para o Senado, por isso, é totalmente volátil. Até porque, somados aos eleitores que pensam em votar brancos/nulos, os indecisos alcançam um patamar muito significativo e decisivo: 41%. Que, com a margem de erro de três pontos percentuais, pode chegar a 44%. Como se sabe, a cada eleição ocorre um fenômeno próprio ao seu contexto, e Renata, por ser pessoa do povo, servidora pública concursada e ter uma história de vida mostrando sua fortaleza na condição de mulher, esposa e mãe, tem tudo para conquistar os que almejam por mudança, e isso inclui o espaço político ampliado para o mundo feminino, que representa a maioria do eleitorado. Na luta contra todas as formas de violência, inclusive a política, é fato que apenas uma mulher enxerga a outra por dentro e sabe exatamente quais políticas públicas são mais urgentes e o que deve articular para por um fim na escalada de humilhações, espancamentos, torturas, cárceres privados, mutilações e feminicídios praticados diariamente, com requintes de perversidade.
Renata Fonseca tem 36 anos, é graduada em Administração, investigadora da Polícia Civil do Pará, casada com o prefeito de Oriximiná, Delegado Willian Fonseca, e foi obrigada a ficar mais de um ano em um município longe do marido, embora a Constituição brasileira garanta o direito de a família viver junta. Como policial, combate e impunidade, e muito antes de sequer pensar em fazer política atuava engajada nos movimentos populares de amparo a crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência e de prevenção ao escalpelamento, abraçava a causa animal e a vida saudável através do esporte (pedala e caminha descalça) e pelejava pelo direito da mulher ser o que quiser. Outra questão é que nestas eleições o interior está firmemente disposto a fincar pé nas representações partidárias e renovar o quadro.
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