Publicado em: 1 de julho de 2025
Nesta data (1°) no ano passado, José Wilson Malheiros da Fonseca faleceu. Poeta, contista, articulista, cronista, jornalista, professor, magistrado e compositor, era membro da Academia Paraense de Letras, da Academia Paraense de Música, da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Maçônica de Letras do Estado do Pará e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, entre outras entidades congêneres. Em sua memória, sua filha Eula Goyareb, o poeta e escritor Benilton Cruz e a fotógrafa e produtora Rosângela Aguiar vão lançar em breve o livro A Lenda do Tucumã, baseado na opereta infantojuvenil composta por José Wilson em 2003, ainda inédita.
Eula, Benilton e Rosângela ainda estão editando e resgatando material para a publicação, como a partitura que o compositor e escritor deixou. A Lenda do Tucumã é uma versão amazônica da criação do universo, exatamente como lembra a teoria do Big Bang, formulada para explicar o ritmo e a expansão do cosmo. Malheiros juntou ciência, mitologia, poesia e música na sua obra.
“A ideia é montar o livro com fotografias da Amazônia feitas pela Rosângela, a Eula está procurando a partitura da ópera e vamos colocá-la no livro. Uma edição para o público infantojuvenil, que era o sonho dele”, comenta Benilton Cruz, doutor em História e Teoria Literária e membro da Amalep.
“Eu não vejo um cenário mais ideal para este livro do que o ano que vem, em 2026 ele completaria 80 anos, poderia ser o homenageado da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes. Ainda estou levantando mais material para fazer uma pesquisa acadêmica”, conta o escritor Bruno Malheiros, que também está ajudando o projeto.
“Ouvir uma lenda já é bom, imagine cantada – e uma ópera para crianças! Os narradores são um casal, assim como Adão e Eva, um homem e uma mulher, e o que acontece a seguir parece ser o início do povoamento na Terra, na nossa amazônica Terra, um também primordial Paraíso. Era a Mãe-Serpente quem detinha o segredo da noite, e de alguma forma ficara com uma parte da criação de Tupã – a noite – que, por sua vez, como diz um dos versos de José Wilson Malheiros, a “mãe da manhã”, não fazia par com o dia que solteiro vivia. A trama toda está no pedido da filha nubente à amada mãe que por amor tudo atende, e com os heróis-canoeiros, típicos ribeirinhos amazônicos que têm uma missão especial, a de trazer das gélidas profundezas dos rios o átomo primordial – o carocinho mágico que guarda a outra parte do dia: a noite. E como é belo ler este livro e escutar a ópera: o ritual da complementaridade – característica do que falam todos os mitos em sua verdadeira essência de criação de humanidade. Este livro é para ser lido e cantado ao mesmo tempo”, revela Benilton, no Prólogo da obra.
Nas fotos, do arquivo da família, José Wilson e seu pai, maestro Wilson Fonseca, o Isoca.



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