A guerra catari contra os símbolos de tolerância e amor não tem limites. Depois de a FIFA ter conseguido impedir, dentro de campo, que os capitães usassem a braçadeira One Love (Um Só Amor) e até mesmo o segundo uniforme da Bélgica, que estampava só a palavra Love (Amor), sem nenhum símbolo que remetesse à comunidade lgbtqia+, num rompante de autoritarismo surreal, e fora de campo a polícia ter confiscado as camisas distribuídas pela Amnistia Internacional Portugal com a impressão Forgotten Team (Time Esquecido), em referência aos milhares de trabalhados mortos e vítimas de abuso aos Direitos Humanos, e também qualquer outra coisa com símbolos da tolerância, ontem foi a vez de um jornalista brasileiro ser abordado violentamente e e ver a bandeira de seu Estado, Pernambuco, ser apreendida ao ser confundida com a rainbow flag (bandeira do arco-íris).
Victor Pereira contou em seu twitter que, mesmo com as credenciais oficiais da FIFA que permitem quaisquer registros dentro dos estádios onde estão acontecendo os jogos do Mundial, foi obrigado a apagar de seu telefone celular o video no qual mostrava o momento em que a bandeira foi confiscada e a agressão. Um transeunte, no entanto, registrou parte da cena, em que mostra um policial, em pose intimidatória, perguntando “quem és tu” e o jornalista respondendo “sou um jornalista”.
Deixo com vocês a reprodução de um post do Geopizza que explica a concepção da bandeira de Pernambuco:
“A bandeira de Pernambuco foi feita em 1817 durante a Revolução Pernambucana, antes da independência brasileira, mas só adotada em 1917.
Durante a rebelião contra o domínio português, a bandeira ganhou outras duas estrelas em cima do arco-íris, que representavam as províncias de Paraíba e Rio Grande do Norte que eram adeptas a revolta.
A Revolução pretendia declarar uma república em Pernambuco e libertar-se do domínio monárquico português.
Desde o início da colonização brasileira, Pernambuco foi a província mais lucrativa devido à sua produção de açúcar com a mão de obra escravizada. Por causa disso, era muito taxado pela Coroa Portuguesa, gerando constantes insatisfações de senhores do engenho.
Em 1817, a Família Real Portuguesa já estava há quase 10 anos no Brasil e Pernambuco continuava sendo a província mais taxada da colônia, enviando parte de seus lucros ao Rio de Janeiro.
Enquanto a capital do Brasil na época ganhava cada vez mais infraestrutura como iluminação pública, nada disso existia em Recife ou Olinda, aumentando a insatisfação com a Coroa.
O apoio à independência chegou aos padres e militares, sendo uma República proclamada pela 1º vez no Brasil em 1817, reconhecida inclusive pelo consulado dos Estados Unidos em Recife, mas não por Portugal.
O criador da bandeira foi o padre João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro, que protagonizou a rebelião. A bandeira originalmente tinha significados diferentes da atual: o arco-íris simbolizava o início de uma nova era, o sol o futuro e a cruz vermelha o primeiro nome do Brasil, Ilha de Vera Cruz.
Durante a revolta, milhares de tropas portuguesas foram mandadas à Recife e Olinda e seus envolvidos enforcados e esquartejados.
Embora a Revolução Pernambucana tenha sido suprimida, 7 anos mais tarde em Recife iniciou-se a Confederação do Equador, uma revolta que não reconhecia Dom Pedro I como monarca brasileiro, mas foi novamente sufocada.
Em 1917, a bandeira foi reintroduzida pelo governador Manuel Antônio Pereira Borba como bandeira do estado e seus elementos resinificados, pois alguns tinham uma simbologia separatista.
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