Publicado em: 19 de dezembro de 2025
Oro pela partida abrupta,
essa que chega sem passos
e atravessa, em silêncio,
olhos tristes e corações dilacerados.
Ficam para trás flores murchas,
janelas entreabertas,
e o mundo distraído
não fecha aquilo que feriu.
Mãos se agarram ao terço
não por costume
Pelo desespero sem espera.
As contas escorrem entre os dedos
Dizendo preces cansadas,
orações que não sabem
a quem alcançar.
Tudo o que era verso vira avesso.
Tudo o que era promessa
se dissolve em murmúrio.
As palavras se tornam frágeis
O que resta
são mãos juntas, imóveis,
orando para que a ausência
não seja maior que a memória.
Há despedidas que não se dizem.
Elas permanecem,
densas no ar
que já não se respira no mesmo ritmo.
Olhos tristes ainda procuram
o que se vai,
enquanto corações dilacerados
tentam decifrar
o silêncio dos que ficam.
Flores murchas marcam o caminho,
testemunhas de um amor
que não encontrou tempo
para permanecer.
Janelas entreabertas deixam entrar
o vento frio da falta,
como se a casa também
soubesse sentir saudade.
Terços choram nas mãos agarrados,
revelando uma dor sem voz.
São contas que contam e oram,
uma a uma,
repetindo pedidos
que já não esperam resposta.
Entre suspiros, surgem
cantos às avessas,
histórias interrompidas,
promessas sem fim.
Restam mãos juntas que oram,
não para impedir a partida,
mas para suportar a saudade.
A despedida acontece assim,
em silêncio, em prece,
em lágrimas que não caem,
mas permanecem.
A oração da partida se repete
na noite longa.
Olhos tristes não buscam respostas,
apenas repouso
para o cansaço da espera.
Corações dilacerados aprendem
um novo compasso,
marcados por uma ausência
que não se nomeia.
As flores murchas ficam,
não por esquecimento,
mas por respeito ao que foi.
Janelas entreabertas guardam
ecos de risos antigos,
agora atravessados pelo silêncio.
Terços pesam como o tempo.
As contas seguem seu caminho,
carregando pedidos
que só a fé sustenta.
Cada conta, uma lembrança.
Cada oração,
um adeus que não soube partir.
Há memórias que retornam sem aviso,
ferindo com doçura.
Mãos juntas tentam selar a despedida,
mas a dor insiste em ficar.
A partida nunca encerra.
Ela permanece,
ajoelhada, em prantos,
cravada no coração saudoso
de quem fica.



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