Por Publicado em: 16 de dezembro de 2025
A TV Cultura exibirá nesta quarta-feira (17), às 22h, o documentário inédito “COP30 – O Legado da Conferência do Clima do Brasil”, produção especial do Departamento de Jornalismo que apresenta um balanço crítico da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Realizada entre 10 e 21 de novembro em Belém, a COP30 reuniu lideranças globais, movimentos sociais, povos indígenas, ambientalistas e autoridades políticas em torno de um dos temas mais urgentes da agenda internacional: a crise climática.
O especial reconstrói os preparativos do Brasil para sediar o evento, os principais eixos de negociação e os desdobramentos políticos e sociais da conferência. A produção também examina o legado deixado pela COP30 para a capital parauara, que recebeu mais de 50 mil pessoas e representantes de cerca de 170 países ao longo dos onze dias de debates.
A escolha do Brasil como sede da conferência ratificou o esforço do país em ocupar posição de protagonismo nas negociações climáticas globais. O documentário contextualiza essa decisão à luz de dados recentes das Nações Unidas, que relacionam diretamente as mudanças do clima ao aumento do número de refugiados ambientais. Segundo a ONU, três em cada quatro pessoas refugiadas vivem em países expostos a desastres naturais, e, a cada três segundos, duas pessoas são forçadas a abandonar suas casas em razão de secas extremas, fome, enchentes ou tempestades severas.
O programa também apresenta recortes de pesquisas que ajudam a dimensionar os impactos da crise climática no cotidiano. Um levantamento da GenialQuest apontou que 42% dos entrevistados percebem o prolongamento das secas, enquanto 94% afirmaram já ter sentido ao menos um efeito direto das mudanças climáticas nas regiões onde vivem. Outro dado destacado indica que, nos últimos 20 anos, 37 doenças surgiram ou reapareceram no mundo em decorrência das transformações climáticas.
Entre os temas centrais debatidos na COP30 estiveram a redução das emissões de gases de efeito estufa, a adaptação às mudanças climáticas, o financiamento climático para países em desenvolvimento, a transição para fontes renováveis e soluções de baixo carbono, a preservação de florestas e da biodiversidade e a justiça climática. O documentário destaca como essas pautas atravessaram negociações complexas e, em muitos casos, conflituosas.
Um dos pontos mais sensíveis abordados pela produção foi a ausência do chamado “mapa do caminho” para o fim dos combustíveis fósseis no texto final da conferência. A proposta acabou bloqueada por países produtores de petróleo, resultando em uma declaração que priorizou o financiamento para adaptação climática, em detrimento de compromissos mais claros com a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis. Para diversos ambientalistas ouvidos, esse desfecho representou uma frustração e evidenciou os limites políticos da COP30.
Além de especialistas e representantes do poder público, o documentário reúne depoimentos de lideranças indígenas, entre elas o cacique Raoni, do povo Kayapó, que reforça a centralidade dos povos originários na proteção dos territórios e no enfrentamento das mudanças climáticas. Também participa o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, além de outras vozes que ajudam a compor um panorama plural sobre os avanços, impasses e contradições do encontro.
Com duração de 30 minutos, “COP30 – O Legado da Conferência do Clima do Brasil” propõe uma leitura crítica do evento, articulando dados, testemunhos e análise jornalística para compreender o impacto real da conferência, tanto no cenário internacional quanto na vida da população local. A produção tem roteiro e reportagem de Laís Duarte, produção de Ricardo Ferreira, edição de texto e montagem de Jorge Valente, edição de imagens e pós-produção de Leandro Silva, direção de núcleo de Simão Scholz e direção de Jornalismo de Marília Assef.
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