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Durante roda de conversa hoje (17) com as lideranças indígenas Ehuana Yanomami e Dário Kopenawa, filho do xamã Davi Kopenawa, na Planetary Embassy, espaço da Swissnex durante a COP30 no Museu Paraense Emílio Goeldi, Ehuana abordou a memória ancestral e as vivências na floresta, a força, a sabedoria e a resiliência das mulheres indígenas.

Artista e voz feminina na luta em defesa da floresta e do povo Yanomami, Ehuana compartilhou informações sobre arte indígena, o conceito de comunidade e destacou a interdependência entre as pessoas e a natureza. “A arte é uma arma importante para chamar a atenção das sociedades não indígenas sobre a cultura Yanomami. Quando sonho, começo a fazer meus desenhos para mostrar ao público a defesa da mãe natureza, da floresta, da nossa cultura e da humanidade”.

Ela contou do sofrimento dos povos indígenas com a devastação da floresta. “A gente sofre com a poluição, com o desmatamento. Nós, mulheres, estamos muito preocupadas com a ameaça ao nosso povo pelos projetos de mineradoras, das hidrelétricas. A gente está se mobilizando porque não queremos a nossa terra destruída. A gente nasce, cresce e vive nela”.

O encontro contou com a moderação de Vanessa Boanada, advogada, Ph.D. em Estudos de Desenvolvimento Internacional pelo Instituto de Pós-Graduação em Genebra e diretora executiva do St.Gallen Institute of Management in Latin America.

O líder e xamã Davi Kopenawa também esteve presente na Planetary Embassy. Ele falou sobre a escuta dos povos tradicionais. “É importante a COP30 ter chamado os Yanomami para falar ao mundo. A COP30 tem que aproximar. O resultado é difícil, mas vamos ver o que ela vai trazer de benefícios para os povos indígenas e das cidades”. Davi preside a Hutukara Associação Yanomami e é uma das mais importantes lideranças intelectuais, políticas e espirituais com atuação na defesa do meio ambiente, da diversidade cultural e dos direitos humanos. Em 2010, em coautoria com o antropólogo francês Bruce Albert, escreveu o livro “A queda do céu – palavras de um xamã Yanomami”, no qual apresenta a filosofia de seu povo na relação com a natureza.

Ao clamar pela defesa da Amazônia e apontar as ameaças que colocam em risco a vida no planeta, Kopenawa enfatizou a convivência equilibrada com as forças da natureza para garantir a sobrevivência das espécies na Terra. “Temos que escutar a fala das árvores. Elas têm uma vida. É muito importante proteger e respeitar as árvores, os rios, os peixes”.

Parte do programa Road to Belem, iniciativa da Suíça que prevê ações para antes, durante e depois da COP30, a Planetary Embassy apresenta discussões, exibições e experiências imersivas entre árvores, plantas e animais da floresta amazônica. Os visitantes também podem conhecer a exposição “Imaginando uma Diplomacia Planetária”, que apresenta visões de diplomacia planetária coletadas por meio de uma chamada aberta a jovens pesquisadores, inovadores e artistas de todo o mundo.

A Planetary Embassy fica no Parque Zoobotânico do Museu Emílio Goeldi, na Av. Magalhães Barata, em Belém. Visitação livre e gratuita das 9h às 15h.

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