Publicado em: 17 de novembro de 2025
A Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial (ENDI), iniciativa estruturante que o Brasil protagoniza na agenda climática global, foi lançado hoje na COP 30 em Belém pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará, Alex Carvalho, representando no ato também a Confederação Nacional da Indústria. Ambos assinaram a Carta de Engajamento entre CNI, MDIC e setores energointensivos da indústria, documento que convoca o setor a contribuir para a consolidação de uma política industrial moderna, compromissada com o desenvolvimento sustentável e o avanço da inovação tecnológica.
“A transição para uma economia de baixo carbono não é apenas ambiental: é econômica, tecnológica e estratégica. A indústria brasileira já dispõe de alternativas maduras de mitigação, como biomassa, eficiência energética e circularidade, e se prepara para tecnologias emergentes como hidrogênio verde, digitalização, inteligência artificial e CCUS (trazido do inglês para Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono)”, salientou Alex Carvalho, acentuando que a ENDI está estruturada sobre quatro pilares decisivos que consistem em inovação, P&D e formação de capital humano, insumos descarbonizantes e energia limpa, estímulo à demanda por produtos de baixo carbono, e financiamento e incentivos que garantam inclusão produtiva.
“Nesse sentido, temos que exaltar a atuação da CNI, com iniciativas como a Sustainable Business COP (SB COP), aliança global de empresas comprometidas com a agenda climática, responsável pela elaboração do Legacy Report, que apresenta caminhos concretos para transformar a Amazônia em um polo global de desenvolvimento sustentável, com potencial de agregar R$ 40 bilhões ao PIB e gerar mais de 300 mil empregos”, pontuou Carvalho, que participou também de uma reunião com lideranças industriais da Sustainable Business COP (SB COP), da CNI.
Alckmin afirmou que o país vive “uma oportunidade histórica” para liderar a transição verde, combinando preservação ambiental, inovação industrial e competitividade internacional. O ministro vice-presidente sustentou que conter emissões é um imperativo civilizatório e no caso brasileiro essa trajetória começa pelo enfrentamento ao desmatamento, principal fonte de emissões do país. “Um hectare desmatado e queimado emite cerca de 300 toneladas de carbono. O compromisso do governo Lula é zerar o desmatamento ilegal até 2030, e já reduzimos em 50% ao longo deste ano”, destacou.
A estratégia ambiental do governo ganhou força com o Fundo Tropical Florestas para Sempre (TFFF), destinado a atrair investimentos internacionais para conservação e recomposição florestal, a partir da restauração de áreas degradadas e do impulsionamento da cadeia produtiva de bioeconomia na Amazônia. “Somos o Estado do açaí, do cupuaçu, da castanha. A floresta em pé é um ativo econômico, cultural e tecnológico”, defendeu Alckmin, também acentuando uma política industrial baseada em valor agregado, lembrando que ciência e tecnologia transformam matérias-primas simples em produtos de altíssimo valor. “Um quilo de carne de porco custa cerca de R$ 20. Mas uma válvula cardíaca feita com membranas do pericárdio suíno vale R$ 70 mil. Isso é indústria, isso é inovação.”
Uma das boas notícias do evento foi o anúncio da concessão de crédito a juros reais negativos para estimular pesquisa, inovação e expansão da base produtiva nacional. “Existem setores que só sobrevivem se exportarem, porque dependem de escala. Precisamos apoiar essa vocação”, reforçou Alckmin.
A agenda de descarbonização também avança com o Programa Mover – Mobilidade Verde, que incentiva a indústria automotiva a produzir veículos mais limpos, eficientes e competitivos. O Brasil amplia seu protagonismo ao manter a gasolina com 30% de etanol – proporção única no mundo – e elevar para 15% o percentual de biodiesel no diesel. “Isso reduz emissões e fortalece um setor no qual o Brasil já é líder global”, afirmou o vice-presidente.
Outro ponto central é a força da matriz elétrica brasileira: 85% renovável, a mais limpa entre as grandes economias. Para Alckmin, essa vantagem competitiva deve se conectar a uma estratégia industrial robusta e integrada ao território. “O Brasil assume com responsabilidade seu papel no mundo. Nossa meta é clara: alcançar a neutralidade de carbono até 2050.”
Criada na Amazônia e construída de forma colaborativa, a Jornada COP+ antecipou pilares, hoje assumidos pelo governo federal, como o combate ao desmatamento ilegal, a recomposição florestal, a bioeconomia como motor de inovação, a integração entre indústria e sustentabilidade, e a construção de valor agregado a partir dos recursos amazônicos.
Com quase dois anos de atuação e mais de 30 mil pessoas mobilizadas em dezenas de ações, o movimento demonstra que a transição climática precisa ser territorializada, participativa e capaz de gerar desenvolvimento real para quem vive na Amazônia. “Ao alinhar esforços com o governo e o setor industrial, a Jornada COP+ reforça que a Amazônia é parte central da nova economia brasileira, uma economia que precisa ser limpa, inovadora e baseada em cadeias de valor sustentáveis”, concluiu o presidente da Fiepa.











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