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Hoje (13), a Imprensa Oficial do Estado do Pará assinou Carta de Compromisso com a Casa de Cultura Dalcídio Jurandir para o processo de compra dos direitos autorais das obras do escritor parauara.

Através de sua editora, que tem o nome do gigante literato marajoara que foi romancista, poeta, contista, cronista, ensaísta, articulista, jornalista, tradutor, roteirista, crítico literário e de arte, além de ilustrador, a Ioepa irá produzir, fazer a editoração e publicar as obras, e a Casa de Cultura Dalcídio Jurandir, receber pela concessão dos direitos autorais.

“Fico muito feliz em fazer parte dessa história e ter organizado e articulado todo esse processo através da Editora Pública Dalcídio Jurandir da Ioepa, da qual tenho a honra de ser o editor e coordenador de uma equipe competente e compromissada”, comentou Moisés Alves, editor da Editora Pública Dalcídio Jurandir da Ioepa.

A Ioepa já comprou no ano passado os direitos autorais das obras “Chove nos Campos de Cachoeira”, “Marajó”, “Três Casas e um Rio”, “Belém do Grão Pará”, publicou “Chove nos Campos de Cachoeira” e vai publicar até dezembro deste ano “Marajó”.

“Agora vamos comprar os direitos autorais das obras “Passagem dos Inocentes”, “Primeira Manhã”, “Ponte do Galo”, “Os Habitantes”, “Chão dos Lobos” e “Ribanceira”, de modo a completar os dez livros do clico do extremo norte dos romances de Dalcídio”, revelou Jorge Panzera, presidente da Ioepa.

Jorge Panzera e Moisés Alves, ladeados pela equipe da editora, assinaram o termo de compromisso com o presidente da Casa de Cultura Dalcídio Jurandir e neto do escritor, Roberto Pereira, os pesquisadores e especialistas no estudo dos romances de Dalcídio, professores doutores Paulo Maués, Regina Costa e Marli Furtado. O vereador de Belém pelo PCdoB Rodrigo Moraes, que foi o primeiro coordenador da editora da Ioepa, prestigiou o ato.

A literatura de Dalcídio Jurandir ocupa lugar central na cultura parauara e nacional e tem relevância planetária. Sua obra — sobretudo os dez romances do Ciclo do Extremo-Norte – é uma das representações mais profundas, sensíveis e críticas da vida amazônica no século XX.

Dalcídio retrata a Amazônia a partir de dentro, mostrando não apenas o ambiente natural, mas, sobretudo, as experiências humanas, os conflitos sociais e a vida cotidiana das populações ribeirinhas, ilhas e cidades do Pará.
Ele dá voz a um Brasil quase invisível para o restante do país, rompendo estereótipos e revelando uma Amazônia complexa, humana e plural.

Sua escrita combina lirismo e análise crítica. Nos romances, desigualdade e injustiça social; coronelismo e exploração econômica; educação como caminho de emancipação; e formação da identidade amazônica são temas onipresentes.

Por meio de personagens comuns, ele expõe com profundidade os desafios e tensões da Amazônia.

A obra dalcidiana rompeu as barreiras impostas pelo colonialismo sudestino e ampliou o mapa literário do Brasil, incluindo uma perspectiva amazônica rara e necessária. Dialoga com o romance de formação e o realismo crítico; tem características modernas em linguagem, construção psicológica e estrutura narrativa.

“Ele é frequentemente comparado a grandes romancistas do país — como Graciliano Ramos e José Lins do Rego — pela força humana e social de sua escrita. Dalcídio foi o primeiro paraense a entrar para a Academia Brasileira de Letras (2020, de forma póstuma). Sua obra é estudada em universidades e influencia gerações de escritores e pesquisadores. Em 2008, Chove nos Campos de Cachoeira foi eleito um dos cem melhores romances brasileiros do século XX. No Pará, Dalcídio ocupa posição especial: ele é um cronista da identidade paraense, retratando não só lugares como Cachoeira do Arari, Belém e as ilhas do Marajó, mas também modos de vida, tradições, falares e sentimentos que compõem o imaginário local. Sua literatura funciona como memória e pertencimento, sendo valorizada tanto no campo cultural quanto educacional”, acentua Moisés Alves, que é apaixonado – com toda razão – pelo vasto legado dalcidiano.

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